Categoria: Instruções – Orientações

Os jogos de linguagem nas aulas de Língua Portuguesa

I LETRAS UFLA. Outubro de 2014

MESA REDONDA: LEITURA E ESCRITA NO ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA

Os jogos de linguagem nas aulas de Língua Portuguesa

Nílvia Pantaleoni

Um dos componentes dos jogos de linguagem é o humor. Muitos autores defendem o humor nas aulas de língua materna como uma das maneiras de os alunos compreenderem determinados conceitos. Quando os alunos riem, é porque eles entendem a piada e têm condições de perceber o conceito que lhe dá sustentação.

A fonética e a fonologia, a morfologia, a sintaxe, a semântica, a pragmática e a variação linguística, tudo isso pode ser tratado por meio do humor que, no meu entender, é um componente do jogo, ou seja, se estou me divertindo com algo que falei, que ouvi ou que li, é porque o evento foi constituído de forma lúdica.

Não preciso me preocupar a todo momento se estou agindo a partir dessa ou daquela teoria. Operar a partir de determinadas fundamentações teóricas e de suas respectivas metodologias é fundamental para quem faz pesquisa. O professor de sala de aula precisa adequar conteúdos e metodologias para a sua realidade e precisa ter a desenvoltura de transitar por diferentes teorias.

Quem usa jogos em suas aulas deve pensar, em primeiro lugar, no desafio, na competição saudável entre os jogadores; em segundo lugar, no conhecimento da dinâmica do jogo; em terceiro lugar, no domínio do conteúdo veiculado pelo jogo.

Os jogos podem tratar de conteúdos linguísticos variados: dos fonemas, das letras, dos morfemas, das palavras gramaticais, das palavras lexicais, dos sintagmas, dos enunciados. De qualquer conteúdo linguístico materializado em qualquer gênero de texto/discurso,  em diferentes situações comunicativas.

Se você planejar suas aulas e seguir o planejamento, reserve toda semana uma parte de uma aula para praticar os jogos. Os jogos são excelentes para o desenvolvimento cognitivo de qualquer pessoa. Do sudoku à palavra cruzada, do jogo de lógica à encenação de pequenos textos, tudo mobiliza nossos espaços mentais, ou seja, nossos pequenos conjuntos de memória de trabalho que construímos enquanto pensamos e falamos, enquanto agimos linguisticamente.

Huizinga, Lakoff, Wittgenstein, Crystal e Yaguello são autores que trataram dos jogos de linguagem.

Huizinga trata do jogo como elemento essencial à vida que, no entanto, distingue-se da vida “comum” tanto pelo lugar quanto pela duração que ocupa. A noção de jogo está presente em tudo o que acontece no mundo. Desde a mais remota Antiguidade, as atividades humanas são marcadas pelo jogo. Dentre elas, a atividade comunicativa, por meio do jogo da linguagem.

Lakoff trata da metáfora do cotidiano que empregamos em expressões corriqueiras como: Meu mundo acabou! Ele teve alta. Estou no céu. Minha vida é um inferno. Isso dá ensejo a jogos de linguagem que exemplificamos com o conhecido poema Inutilidades de José Paulo Paes:

Ninguém coça as costas da cadeira.

Ninguém chupa a manga da camisa.

O piano jamais abandona a cauda.

Tem asa, porém não voa, a xícara.

De que serve o pé da mesa se não anda?

(…)

Para Wittgenstein, falar uma língua é parte de uma atividade ou forma de vida exercida por meio de uma variedade imensa de jogos de linguagem: contar histórias, descrever, representar, agradecer, pedir, orar, todos são atos de linguagem formalizados por meio de jogos verbais.

Todo mundo joga com a linguagem ou responde a jogos de linguagem, afirma Crystal. Alguns sentem prazer com isso, outros são totalmente obcecados, mas ninguém pode evitar. A linguagem lúdica tem sido tratada como um tema de interesse marginal, ou, na pior das hipóteses, não é nem mencionada. No entanto, para o autor, ela deveria estar no centro de qualquer investigação sobre questões linguísticas.

Yaguello é especialmente feliz quando trata da função lúdica da linguagem. Para ela, o jogo integra a língua, e, reciprocamente, a língua integra o jogo, pois o homem é talhado fundamentalmente para jogar. Segundo a autora, duas orientações aparentemente contraditórias coexistem na natureza do jogo: a ideia de elasticidade, de liberdade, de margem de manobra; e a de regra e de ligação precisa.

A linguagem pode ser manipulada como uma fonte de prazer e não custa nada. Qualquer recurso linguístico pode ser manipulado (uma palavra, uma frase, uma parte de uma palavra, um grupo de sons, uma série de letras); pode ser distorcido; as regras da gramática, as regras da língua podem ser quebradas para nossa simples diversão.

Perceber que jogo com minhas palavras exige uma atenção que só ocorre por meio de meu esforço voluntário. Muitas pessoas extremamente competentes no manejo com a língua não percebem que, além de comunicar um dado novo, narrar um acontecimento, descrever um objeto, uma pessoa, uma situação, argumentar a favor de qualquer ideia, também jogam com os sons, com as palavras, com as frases. Os mecanismos empregados nesses jogos são usados pelos falantes nativos (dificilmente dominados pelos falantes de outros idiomas que aprenderam o nosso como segunda ou terceira opção) de modo natural e imperceptível.

Concluindo, os jogos de linguagem elaborados com finalidade didática apresentam-se com uma intencionalidade bem definida: promover e otimizar a competência comunicativa dos alunos. Por isso mesmo são atividades monitoradas, com conteúdo bem elaborado, com objetivos definidos e com todas as etapas controladas. A diversão fica mais por conta dos alunos. Para o professor que orienta, os jogos são coisa séria.

Como escrever títulos on-line. Apontamentos das aulas de Comunicação Empresarial (2)

Como escrever títulos on-line

As exigências para títulos on-line[1] são diferentes dos títulos impressos, pois são usados de forma diferente.

 As duas principais diferenças no uso de títulos são:

Títulos descontextualizados: os títulos on-line exibidos fora de contexto. aparecem, por exemplo: como parte de uma lista de artigos; em uma lista de ocorrências de um mecanismo de busca; no menu de links favoritos de um browser ou outro recurso de navegação.  Algumas dessas situações são bastante fora do contexto, pois as ocorrências de um mecanismo de busca podem relacionar-se a qualquer tópico aleatório.

Títulos com conteúdos relacionados: mesmo quando o título é exibido com conteúdo relacionado, a dificuldade de ler on-line e a menor quantidade de informações que podem ser vistas num relance dificultam ainda mais para os usuários apreenderem o suficiente dos dados circundantes.

Na cópia impressa, o título é intimamente associado a fotos, subtítulos e ao corpo inteiro do artigo. Tudo isso pode ser interpretado num relance. On-line, uma quantidade muito menor de informações será visível na janela e mesmo essas informações são mais difíceis e desagradáveis de ler, de modo que as pessoas muitas vezes não o fazem. Enquanto passam os olhos pela lista de artigos em uma homepage, os usuários muitas vezes olham apenas os títulos destacados e pulam a maioria dos resumos.

Graças a essas diferenças, o texto do título tem de ser autônomo e fazer sentido quando o resto do conteúdo não se encontra disponível. É claro que os usuários podem clicar no título para obter o artigo completo, mas estão muito ocupados para fazê-lo para cada título que virem na internet.

Se você criar listas do conteúdo de outras pessoas, é quase sempre mais interessante reescrever seus títulos. Pouquíssimas pessoas entendem atualmente a arte de escrever micro conteúdo on-line que funcione quando colocado em outro lugar na internet. Portanto, para atender melhor aos seus usuários, você mesmo tem de fazer o trabalho.

As principais diretrizes para escrever títulos para a internet são:

  • Deixe claro do que trata o artigo em termos que se relacionem ao usuário. O micro conteúdo deve ser um resumo muito breve do macro conteúdo associado.
  • Escreva em linguagem simples: nada de trocadilhos e nada de títulos “engraçadinhos” ou “espertos”.
  • Evite gracejos que tentam levar as pessoas a clicarem para descobrir do que se trata o artigo. Os usuários não têm mais paciência para esperar,  principalmente se tiverem de fazer o download de uma página. A menos, é claro, que tenham expectativas claras do que obterão. Na cópia impressa, a curiosidade pode fazer com que as pessoas virem a página ou comecem a ler um artigo. On-line, é simplesmente muito custoso fazê-lo.
  • Pule os artigos definidos e indefinidos quando especificar o assunto em um e-mail ou títulos de página (mas inclua-os nos títulos embutidos na página). O micro conteúdo mais breve é mais fácil de ler e, já que as listas são muitas vezes em ordem alfabética, você não quer que o conteúdo seja listado, por exemplo, na letra “A” numa confusão com as várias outras páginas que começam com “A”.
  • Faça com que a primeira palavra seja importante e contenha informações, o que resultará em um melhor posicionamento nas listas em ordem alfabética e facilitará a leitura. Por exemplo, comece com o nome da empresa, pessoa ou conceito discutido no artigo.
  • Não faça com que todos as títulos de página comecem com a mesma palavra. Será difícil diferenciá-los quando se passa os olhos por uma lista.

[1] Fonte: traduzido e adaptado de Jakob Nielsen: www.useit.com

APLICAÇÃO DAS NOVE OPERAÇÕES DE RETEXTUALIZAÇÃO PROPOSTAS POR MARCUSCHI.

Operações de regularização e idealização
estratégia de eliminação baseada na idealização linguística 1ª operação: eliminação de marcas estritamente interacionais, hesitações e partes de palavras. L2 — e ela mora lá… mas ela é…  bem velhinha… maluca né? ela até hoje não sabe das coisas ela esquece os nome ela:: a mim ela sabe… mas eu invento história pra ela… e ela acredita em todas as história que eu invento… perturba mui:to a vida de minha irmã porque não tem… os conceitos de higiene dela já sumiram… só gosta de andar mulamba…

L1 — ((riu))

L2 — e ela mora lá mas ela é bem velhinha maluca ela até hoje não sabe das coisas ela esquece os nome ela a mim ela sabe mas eu invento história pra ela e ela acredita em todas as história que eu invento perturba muito a vida de minha irmã porque não tem os conceitos de higiene dela já sumiram só gosta de andar mulamba

 

estratégia de inserção em que a primeira tentativa segue a sugestão da prosódia 2ª operação: introdução da pontuação com base na intuição fornecida pela entoação das falas. L2 — e ela mora lá mas ela é bem velhinha maluca ela até hoje não sabe das coisas ela esquece os nome ela a mim ela sabe mas eu invento história pra ela e ela acredita em todas as história que eu invento perturba muito a vida de minha irmã porque não tem os conceitos de higiene dela já sumiram só gosta de andar mulamba L2 — e ela mora lá, mas ela é bem velhinha, maluca, ela até hoje não sabe das coisas, ela esquece os nome, ela a mim, ela sabe, mas eu invento história pra ela e ela acredita em todas as história que eu invento, perturba muito a vida de minha irmã porque não tem os conceitos de higiene, dela, já sumiram, só gosta de andar mulamba.
estratégia de eliminação para uma condensação linguística 3ª operação: retirada de repetições, reduplicações, redundâncias, paráfrases e pronomes egóticos. L2 — e ela mora lá, mas ela é bem velhinha, maluca, ela até hoje não sabe das coisas, ela esquece os nome, ela a mim, ela sabe, mas eu invento história pra ela e ela acredita em todas as história que eu invento, perturba muito a vida de minha irmã porque não tem os conceitos de higiene, dela, já sumiram, só gosta de andar mulamba. L2 — ela mora lá, mas ela é bem velhinha, maluca, ela esquece os nome, eu invento história pra ela e ela acredita em todas, perturba muito a vida de minha irmã porque os conceitos de higiene, dela, já sumiram, só gosta de andar mulamba.
estratégia de inserção 4ª operação: introdução da paragrafação e pontuação detalhada sem modificação da ordem dos tópicos discursivos. L2 — ela mora lá, mas ela é bem velhinha, maluca, ela esquece os nome, eu invento história pra ela e ela acredita em todas, perturba muito a vida de minha irmã porque os conceitos de higiene, dela, já sumiram, só gosta de andar mulamba. Ela mora lá, mas ela é bem velhinha, maluca. Ela esquece os nome. Eu invento história pra ela e ela acredita em todas. Perturba muito a vida de minha irmã porque os conceitos de higiene, dela, já sumiram. Só gosta de andar mulamba.

 

 

 

Operações de transformação
estratégia de reformulação

objetivando explicitude

5ª operação: introdução de marcas metalinguísticas para referenciação de ações e verbalização de contextos expressos por dêiticos. Ela mora lá, mas ela é bem velhinha, maluca. Ela esquece os nome. Eu invento história pra ela e ela acredita em todas. Perturba muito a vida de minha irmã porque os conceitos de higiene, dela, já sumiram. Só gosta de andar mulamba. Ela mora na casa de minha irmã, mas ela é bem velhinha, maluca. Ela esquece os nome. Eu invento história pra ela e ela acredita em todas. Perturba muito a vida de minha irmã porque os conceitos de higiene, dela, já sumiram. Ela só gosta de andar mulamba.
estratégia de reconstrução

em função da norma escrita

6ª operação: reconstrução de estruturas truncadas, concordâncias, reordenação sintática, encadeamentos. Ela mora na casa de minha irmã, mas ela é bem velhinha, maluca. Ela esquece os nome. Eu invento história pra ela e ela acredita em todas. Perturba muito a vida de minha irmã porque os conceitos de higiene, dela, já sumiram. Ela só gosta de andar mulamba. Ela é uma velhinha maluca que mora na casa de minha irmã. Ela esquece os nomes. Eu invento histórias e ela acredita em todas. Perturba muito a vida de minha irmã porque os conceitos de higiene, dela, já sumiram. Ela só gosta de andar mulamba.
estratégia de substituição

visando a uma maior formalidade

7ª operação: tratamento estilístico com seleção de novas estruturas sintáticas e novas opções léxicas. Ela é uma velhinha maluca que mora na casa de minha irmã. Ela esquece os nomes. Eu invento histórias e ela acredita em todas. Perturba muito a vida de minha irmã porque os conceitos de higiene, dela, já sumiram. Ela só gosta de andar mulamba. Maria é uma velhinha maluca que mora na casa de minha irmã. Ela esquece os nomes das coisas e das pessoas. Eu invento histórias absurdas e ela acredita em todas. Perturba muito a vida de minha irmã porque seus conceitos de higiene já sumiram. Ela só gosta de andar maltrapilha.
estratégia de estruturação argumentativa 8ª operação: reordenação tópica do texto e reorganização da sequência argumentativa. Maria é uma velhinha maluca que mora na casa de minha irmã. Ela esquece os nomes das coisas e das pessoas. Eu invento histórias absurdas e ela acredita em todas. Perturba muito a vida de minha irmã porque seus conceitos de higiene já sumiram. Ela só gosta de andar maltrapilha. Maria é uma velhinha maluca que mora na casa de minha irmã. Ela só gosta de andar maltrapilha. Perturba muito a vida de minha irmã porque seus conceitos de higiene já sumiram. Ela esquece os nomes das coisas e das pessoas. Eu invento histórias absurdas e ela acredita em todas.
estratégia de condensação 9ª operação: agrupamento de argumentos condensando as ideias. Maria é uma velhinha maluca que mora na casa de minha irmã. Ela só gosta de andar maltrapilha. Perturba muito a vida de minha irmã porque seus conceitos de higiene já sumiram. Ela esquece os nomes das coisas e das pessoas. Eu invento histórias e ela acredita em todas. Maria mora na casa de minha irmã e perturba muito sua vida porque anda suja e maltrapilha. A velhinha parece maluca, pois esquece os nomes das coisas e das pessoas e acredita nas histórias absurdas que eu invento.

 

MARCUSCHI, L.A. Da Fala para a Escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez Editora, 2001.

Orientações para o seminário 2019 (Oralidade e escrita: fundamentos e ensino)

Da fala para a escrita: estudo comparativo de casos

I.  INTRODUÇÃO

  • TEMA
  • JUSTIFICATIVA
  • OBJETIVOS

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

  • CONCEITOS ESTUDADOS (pertinentes ao tema)

III. APLICAÇÃO

  • APRESENTAÇÃO DO CORPUS (de cada participante)
  • TRANSCRIÇÃO
  • RETEXTUALIZAÇÃO
  • COMENTÁRIO DOS ASPECTOS RELEVANTES DO CORPUS (de cada participante)
  • COMPARAÇÃO DE CORPORA

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tempo de apresentação: aproximadamente 40 minutos

Modo de apresentação: Slides e Áudio + versão escrita para a professora

 

Entrevista com a professora Íris: quadro tópico

Quadro Tópico

Supertópico

O perfil do aluno de cursinho preparatório para os exames de vestibular

tópico 1

tópico 2

tópico 3

dados pessoais de L1

(1-4)

objetivo de se estudar em um cursinho

(5-8)

procedência dos alunos

(9-13)

 

Supertópico

O perfil do aluno de cursinho preparatório para os exames de vestibular.

tópico 4

tópico 5

tópico 6

tópico 7

expectativa dos alunos

(14-21)

período de aulas de maior rendimento

(22-27)

atitudes dos alunos veteranos e dos calouros

(28-42)

importância do cursinho

(43-51)

 

Supertópico

O perfil do aluno de cursinho preparatório para os exames de vestibular.

tópico 8*

tópico 9

tópico 10

distribuição do conteúdo no cursinho

(52-67)

 

concorrência entre os cursinhos

(68-73)

encerramento da entrevista

(74-76)

(74-76)

subtópico1

subtópico 2

concentração do conteúdo no ensino médio da escola particular

(56-60)

relato das experiências de L1 no ensino médio e no cursinho

(61-67

 

 

 

 

 

 

NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO. Extraídas de Castilho & Preti (1986). A linguagem falada culta na Cidade de São Paulo, vol. II.

NORMAS PARA TRANSCRIÇÃO

OCORRÊNCIAS

SINAIS

EXEMPLIFICAÇÃO

Incompreensão de palavras ou segmentos

(  )

do nível de renda… (  ) nível de renda nominal…
Hipótese do que se ouviu

( hipótese )

( estou ) meio preocupado ( com o gravador )
Truncamento (havendo homografia, usa-se acento indicativo da tônica e/ou timbre)

/

e  comé/e  reinicia
Entoação enfática

maiúsculas

porque as pessoas reTÊM moeda
Alongamento de vogal ou consoante(como s, r)

::

podendo aumentar para ::::  ou mais

ao emprestarem os… éh::::  … o dinheiro 
Silabação

por motivo transação
Interrogação

?

e o Banco… Central… certo?
Qualquer pausa

são três motivos… ou três razões… que fazem com que se retenha moeda… existe uma… retenção
Comentários descritivos do transcritor

((  minúsculas))

((  tossiu))
Superposição, simultaneidade de vozes

ligando as

     [

linhas

  A. na casa da sua irmã     [

B. sexta-feira?

A. fizeram lá…

     [

B. cozinharam lá?

Indicação de que a fala foi retomada ou interrompida em determinado ponto.

(…)

(…) nós vimos que existem
Citações literais, reproduções de discurso direto ou leitura de textos, durante a gravação

“    ”

Pedro Lima… ah escreve na ocasião… O cinema falado em língua estrangeira não precisa de nenhuma baRREIra  entre nós
  1. Iniciais maiúsculas: não se usam em início de períodos, turnos e frases.
  2. Fáticos: ah, éh, eh, ahn, ehn, uhn, tá (não por está: tá? você  está brava? ).
  3. Nomes de obras ou nomes comuns estrangeiros são grifados.
  4. Números: por extenso.
  5. Não se indica o ponto de exclamação (frase exclamativa).
  6. Não se anota o cadenciamento da frase.
  7. Podem-se combinar sinais. Por exemplo oh:::… (alongamento e pausa).
  8. Não se utilizam sinais de pausa, típicos da língua escrita (como . , ; ). As reticências marcam qualquer tipo de pausa.

Instruções Gerais do MANUAL DE REDAÇÃO E ESTILO de O ESTADO DE SÃO PAULO. Eduardo Martins

Instruções gerais

do MANUAL DE REDAÇÃO E ESTILO de O ESTADO DE SÃO PAULO. Eduardo Martins

1 — Seja claro, preciso, direto, objetivo e conciso. Use frases curtas e evite intercalações excessivas ou ordens inversas desnecessárias. Não é justo exigir que o leitor faça complicados exercícios mentais para compreender o texto.

2 — Construa períodos com no máximo duas ou três linhas de 70 toques. Os parágrafos, para facilitar a leitura, deverão ter cinco linhas cheias, em média, e no máximo oito. A cada 20 linhas, convém abrir um intertítulo.

3 — A simplicidade é condição essencial do texto jornalístico. Lembre-se de que você escreve para todos os tipos de leitor e todos, sem exceção, têm o direito de entender qualquer texto, seja ele político, econômico, internacional ou urbanístico.

4 — Adote como norma a ordem direta, por ser aquela que conduz mais facilmente o leitor à essência da notícia. Dispense os detalhes irrelevantes e vá diretamente ao que interessa, sem rodeios.

5 — A simplicidade do texto não implica necessariamente repetição de formas e frases desgastadas, uso exagerado de voz passiva (será iniciado, será realizado), pobreza vocabular, etc. Com palavras conhecidas de todos, é possível escrever de maneira original e criativa e produzir frases elegantes, variadas, fluentes e bem alinhavadas. Nunca é demais insistir: fuja, isto sim, dos rebuscamentos, dos pedantismos vocabulares, dos termos técnicos evitáveis e da erudição.

6 — Não comece períodos ou parágrafos seguidos com a mesma palavra, nem use repetidamente a mesma estrutura de frase.

7 — O estilo jornalístico é um meio-termo entre a linguagem literária e a falada. Por isso, evite tanto a retórica e o hermetismo como a gíria, o jargão e o coloquialismo.

8 — Tenha sempre presente: o espaço hoje é precioso; o tempo do leitor, também. Despreze as longas descrições e relate o fato no menor número possível de palavras. E proceda da mesma forma com elas: por que opor veto a em vez de vetar, apenas?

9 — Em qualquer ocasião, prefira a palavra mais simples: votar é sempre melhor que sufragar; pretender é sempre melhor que objetivar, intentar ou tencionar; voltar é sempre melhor que regressar ou retornar; tribunal é sempre melhor que corte; passageiro é sempre melhor que usuário; eleição é sempre melhor que pleito; entrar é sempre melhor que ingressar.

10 — Só recorra aos termos técnicos absolutamente indispensáveis e nesse caso coloque o seu significado entre parênteses. Você já pensou que até há pouco se escrevia sobre juros sem chamar índices, taxas e níveis de patamares? Que preços eram cobrados e não praticados? Que parâmetros equivaliam a pontos de referência? Que monitorar correspondia a acompanhar ou orientar? Adote como norma: os leitores do jornal, na maioria, são pessoas comuns, quando muito com formação específica em uma área somente. E desfaça mitos. Se o noticiário da Bolsa exige um ou outro termo técnico, uma reportagem sobre abastecimento, por exemplo, os dispensa.

11 — Nunca se esqueça de que o jornalista funciona como intermediário entre o fato ou fonte de informação e o leitor. Você não deve limitar-se a transpor para o papel as declarações do entrevistado, por exemplo; faça-o, de modo que qualquer leitor possa apreender o significado das declarações. Se a fonte fala em demanda, você pode usar procura, sem nenhum prejuízo. Da mesma forma traduza patamar por nível, posicionamento por posição, agilizar por dinamizar, conscientização por convencimento, se for o caso, e assim por diante. Abandone a cômoda prática de apenas transcrever: você vai ver que o seu texto passará a ter o mínimo indispensável de aspas e qualquer entrevista, por mais complicada, sempre tenderá a despertar maior interesse no leitor.

12 — Procure banir do texto os modismos e os lugares-comuns. Você sempre pode encontrar uma forma elegante e criativa de dizer a mesma coisa sem incorrer nas fórmulas desgastadas pelo uso excessivo. Veja algumas: a nível de, deixar a desejar, chegar a um denominador comum, transparência, instigante, pano de fundo, estourar como uma bomba, encerrar com chave de ouro, segredo guardado a sete chaves, dar o último adeus. Acrescente as que puder a esta lista.

13 — Dispense igualmente os preciosismos ou expressões que pretendem substituir termos comuns, como: causídico, Edilidade, soldado do fogo, elenco de medidas, data natalícia, primeiro mandatário, chefe do Executivo, precioso líquido, aeronave, campo-santo, necrópole, casa de leis, petardo, fisicultor, Câmara Alta, etc.

14 — Proceda da mesma forma com as palavras e formas empoladas ou rebuscadas, que tentam transmitir ao leitor mera ideia de erudição. O noticiário não tem lugar para termos como tecnologizado, agudização, consubstanciação, execucional, operacionalização, mentalização, transfusional, paragonado, rentabilizar, paradigmático, programático, emblematizar, congressual, instrucional, embasamento, ressociabilização, dialogal, transacionar, parabenizar e outros do gênero.

15 — Não perca de vista o universo vocabular do leitor. Adote esta regra prática: nunca escreva o que você não diria. Assim, alguém rejeita (e não declina de) um convite, protela ou adia (e não procrastina) uma decisão, aproveita (e não usufrui) uma situação. Da mesma forma, prefira demora ou adiamento a delonga; antipatia a idiossincrasia; discórdia ou intriga a cizânia; crítica violenta a diatribe; obscurecer a obnubilar, etc.

16 — O rádio e a televisão podem ter necessidade de palavras de som forte ou vibrante; o jornal, não. Assim, goleiro é goleiro e não goleirão. Da mesma forma, rejeite invenções como zagueirão, becão, jogão, pelotaço, galera (como torcida) e similares.

17 — Dificilmente os textos noticiosos justificam a inclusão de palavras ou expressões de valor absoluto ou muito enfático, como certos adjetivos (magnífico, maravilhoso, sensacional, espetacular, admirável, esplêndido, genial), os superlativos (engraçadíssimo, deliciosíssimo, competentíssimo, celebérrimo) e verbos fortes como infernizar, enfurecer, maravilhar, assombrar, deslumbrar, etc.

18 — Termos coloquiais ou de gíria deverão ser usados com extrema parcimônia e apenas em casos muito especiais (nos diálogos, por exemplo), para não darem ao leitor a idéia de vulgaridade e principalmente para que não se tornem novos lugares-comuns. Como, por exemplo: a mil, barato, galera, detonar, deitar e rolar, flagrar, com a corda (ou a bola) toda, legal, grana, bacana, etc.

19 — Seja rigoroso na escolha das palavras do texto. Desconfie dos sinônimos perfeitos ou de termos que sirvam para todas as ocasiões. Em geral, há uma palavra para definir uma situação.

20 — Faça textos imparciais e objetivos. Não exponha opiniões, mas fatos, para que o leitor tire deles as próprias conclusões. Em nenhuma hipótese se admitem textos como: Demonstrando mais uma vez seu caráter volúvel, o deputado Antônio de Almeida mudou novamente de partido. Seja direto: O deputado Antônio de Almeida deixou ontem o PMT e entrou para o PXN. É a terceira vez em um ano que muda de partido. O caráter volúvel do deputado ficará claro pela simples menção do que ocorreu.

21 — Lembre-se de que o jornal expõe diariamente suas opiniões nos editoriais, dispensando comentários no material noticioso. As únicas exceções possíveis: textos especiais assinados, em que se permitirá ao autor manifestar seus pontos de vista, e matérias interpretativas, em que o jornalista deverá registrar versões diferentes de um mesmo fato ou conduzir a notícia segundo linhas de raciocínio definidas com base em dados fornecidos por fontes de informação não necessariamente expressas no texto.

22 — Não use formas pessoais nos textos, como: Disse-nos o deputado… / Em conversa com a reportagem do Estado… / Perguntamos ao prefeito… / Chegou à nossa capital… / Temos hoje no Brasil uma situação peculiar. / Não podemos silenciar diante de tal fato. Algumas dessas construções cabem em comentários, crônicas e editoriais, mas jamais no noticiário.

23 — Como norma, coloque sempre em primeiro lugar a designação do cargo ocupado pelas pessoas e não o seu nome: O presidente da República, Fernando Henrique Cardoso… / O primeiro-ministro John Major… / O ministro do Exército, Zenildo de Lucena… É em função do cargo ou atividade que, em geral, elas se tornam notícia. A única exceção é para cargos com nomes muito longos. Exemplo: O engenheiro João da Silva, presidente do Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis Residenciais e Comerciais de São Paulo (Secovi), garantiu ontem que…

24 — Você pode ter familiaridade com determinados termos ou situações, mas o leitor, não. Por isso, seja explícito nas notícias e não deixe nada subentendido. Escreva, então: O delegado titular do 47o Distrito Policial informou ontem…, e não apenas: O delegado titular do 47o informou ontem.

25 — Nas matérias informativas, o primeiro parágrafo deve fornecer a maior parte das respostas às seis perguntas básicas: o que, quem, quando, onde, como e por quê. As que não puderem ser esclarecidas nesse parágrafo deverão figurar, no máximo, no segundo, para que, dessa rápida leitura, já se possa ter uma ideia sumária do que aconteceu.

26 — Não inicie matéria com declaração entre aspas e só o faça se esta tiver importância muito grande (o que é a exceção e não a norma).

27 — Procure dispor as informações em ordem decrescente de importância (princípio da pirâmide invertida), para que, no caso de qualquer necessidade de corte no texto, os últimos parágrafos possam ser suprimidos, de preferência.

28 — Encadeie o lead de maneira suave e harmoniosa com os parágrafos seguintes e faça o mesmo com estes entre si. Nada pior do que um texto em que os parágrafos se sucedem uns aos outros como compartimentos estanques, sem nenhuma fluência: ele não apenas se torna difícil de acompanhar, como faz a atenção do leitor se dispersar no meio da notícia.

29 — Por encadeamento de parágrafos não se entenda o cômodo uso de vícios linguísticos, como por outro lado, enquanto isso, ao mesmo tempo, não obstante e outros do gênero. Busque formas menos batidas ou simplesmente as dispense: se a sequência do texto estiver correta, esses recursos se tornarão absolutamente desnecessários.

30 — A falta de tempo do leitor exige que o jornal publique textos cada dia mais curtos (20, 40 ou 60 linhas de 70 toques, em média). Por isso, compete ao redator e ao repórter selecionar com o máximo critério as informações disponíveis, para incluir as essenciais e abrir mão das supérfluas. Nem toda notícia está jornalisticamente tão bem encadeada que possa ser cortada pelo pé sem maiores prejuízos. Quando houver tempo, reescreva o texto: é o mais recomendável. Quando não, vá cortando as frases dispensáveis.

31 — Proceda como se o seu texto seja o definitivo e vá sair tal qual você o entregar. O processo industrial do jornal nem sempre permite que os copies, subeditores ou mesmo editores possam fazer uma revisão completa do original. Assim, depois de pronto, reveja e confira todo o texto, com cuidado. Afinal, é o seu nome que assina a matéria.

32—O recurso à primeira pessoa só se justifica, em geral, nas crônicas. Existem casos excepcionais, nos quais repórteres, especialmente, poderão descrever os fatos dessa forma, como participantes, testemunhas ou mesmo personagens de coberturas importantes. Fique a ressalva: são sempre casos excepcionais.

33 — Nas notícias em sequência (suítes), nunca deixe de se referir, mesmo sumariamente, aos antecedentes do caso. Nem todo leitor pode ter tomado conhecimento do fato que deu origem à suíte.

34— A correção do noticiário responde, ao longo do tempo, pela credibilidade do jornal. Dessa forma, não dê notícias apressadas ou não confirmadas nem inclua nelas informações sobre as quais você tenha dúvidas. Mesmo que o texto já esteja em processo de composição, sempre haverá condições de retificar algum dado impreciso, antes de o jornal chegar ao leitor.

35— A correção tem uma variante, a precisão: confira habitualmente os nomes das pessoas, seus cargos, os números incluídos numa notícia, somas, datas, horários, enumerações. Com isso você estará garantindo outra condição essencial do jornal, a confiabilidade.

36 — Nas versões conflitantes, divergentes ou não confirmadas, mencione quais as fontes responsáveis pelas informações ou pelo menos os setores dos quais elas partem (no caso de os informantes não poderem ter os nomes revelados). Toda cautela é pouca e o máximo cuidado nesse sentido evitará que o jornal tenha de fazer desmentidos desagradáveis.

37 — Quando um mesmo assunto aparecer em mais de uma editoria no mesmo dia, deverá haver remissão, em itálico, de uma para outra: Mais informações sobre o assunto na página… / A repercussão do sequestro no Brasil está na página… / Na página… o prefeito fala de sua candidatura à Presidência. / Veja na página… as reações econômicas ao discurso do presidente.

38 — Se você tem vários originais para reescrever, adote a técnica de marcar as informações mais importantes de cada um deles. Você ganhará tempo e evitará que algum dado relevante fique fora do noticiário.

39 — Nunca deixe de ler até o fim um original que vá ser refeito. Mesmo que você tenha apenas 15 linhas disponíveis para a nota, a linha 50 do texto primitivo poderá conter informações indispensáveis, de referência obrigatória.

40 — Preocupe-se em incluir no texto detalhes adicionais que ajudem o leitor a compreender melhor o fato e a situá-lo: local, ambiente, antecedentes, situações semelhantes, previsões que se confirmem, advertências anteriores, etc.

41 — Informações paralelas a um fato contribuem para enriquecer a sua descrição. Se o presidente dorme durante uma conferência, isso é notícia; idem se ele tira o sapato, se fica conversando enquanto alguém discursa, se faz trejeitos, etc. Trata-se de detalhes que quebram a monotonia de coberturas muito áridas, como as oficiais, especialmente.

42 — Registre no texto as atitudes ou reações das pessoas, desde que significativas: mostre se elas estão nervosas, agitadas, fumando um cigarro atrás do outro ou calmas em excesso, não se deixando abalar por nada. Em matéria de ambiente, essas indicações permitem que o leitor saiba como os personagens se comportavam no momento da entrevista ou do acontecimento.

43 — Trate de forma impessoal o personagem da notícia, por mais popular que ele seja: a apresentadora Xuxa ou Xuxa, apenas (e nunca a Xuxa), Pelé (e não o Pelé), Piquet (e não o Piquet), Ruth Cardoso (e não a Ruth Cardoso), etc.

44 — Sempre que possível, mencione no texto a fonte da informação. Ela poderá ser omitida se gozar de absoluta confiança do repórter e, por alguma razão, convier que não apareça no noticiário. Recomenda-se, no entanto, que o leitor tenha alguma ideia da procedência da informação, com indicações como: Fontes do Palácio do Planalto… / Fontes do Congresso… / Pelo menos dois ministros garantiram ontem que…, etc.

45 — Na primeira citação, coloque entre parênteses o nome do partido e a sigla do Estado dos senadores e deputados federais: o senador João dos Santos (PSDB-RS), o deputado Francisco de Almeida (PFL-RJ). No caso dos deputados estaduais de São Paulo e dos vereadores paulistanos, mencione entre parênteses apenas a sigla do partido.

46 — O Estado não admite generalizações que possam atingir toda uma classe ou categoria, raças, credos, profissões, instituições, etc.

47 — Um assunto muito sugestivo ou importante resiste até a um mau texto. Não há, porém, assunto mediano ou meramente curioso que atraia a atenção do leitor, se a notícia se limitar a transcrever burocraticamente e sem maior interesse os dados do texto.

48 — Em caso de dúvida, não hesite em consultar dicionários, enciclopédias, almanaques e outros livros de referência. Ou recorrer aos especialistas e aos colegas mais experientes.