Mês: janeiro 2014

ROCHA PITTA: ESTUDOS INICIAIS DE A HISTÓRIA DA AMÉRICA PORTUGUESA (I)

Estrutura do primeiro período
Estrutura do primeiro período

 

CAMPO SEMÂNTICO DA APRESENTAÇÃO DE A HISTÓRIA DA AMÉRICA PORTUGUESA

CAMPO SEMÂNTICO DA DOMINAÇÃO

América Portuguesa

SENHOR

América Portuguesa

a parte do Novo Mundo

a maior da sua Monarquia

Brasil

as suas Províncias

Estrelas

uma das maiores Regiões da terra

Monarca Supremo

Império

Príncipe

Coroa

Leis

Domínio

poderoso Cetro

Esfera Régia

superior Esfera

 

Rocha Pitta e a História da América Portuguesa

 

Ver a obra de Rocha Pitta

SENHOR.

 A AMÉRICA Portuguesa, em toscos, mas breves rasgos, busca os soberanos pés de Vossa Majestade, porque a obrigação e amor a encaminham ao Monarca Supremo de quem reconhece o domínio e recebe as Leis e a quem, com a maior humildade, consagra os votos, implorando ao Real proteção de Vossa Majestade, porque ao Príncipe, que lhe rege o Império, pertence patrocinar-lhe a História. Nela verá Vossa Majestade em grosseiro risco delineada a parte do Novo Mundo que, entre tantas do Orbe antigo que compreende o círculo da sua Coroa, é a maior da sua Monarquia. Não oferece a Vossa Majestade grandezas de outras Regiões em que domina o seu poderoso Cetro, tendo tantas que lhe tributar na do Brasil. Se o quadro parecer pequeno para a ideia tão grande, em curtos círculos se figuram as imensas Zonas e Esferas celestes; em estreito mapa se expõem as dilatadas porções da terra; uma só parte basta para representar a grandeza de um corpo; um só simulacro para simbolizar as Monarquias do Mundo: faltar-lhe-á o pincel de Timantes para em um dedo mostrar um Gigante; a inteligência de Daniel, para em uma estátua explicar muitos Impérios; mas sobra-lhe a grandeza de Vossa Majestade, em cuja amplíssima superior Esfera se estão as suas Províncias contemplando como Estrelas: só com ela pode desempenhar-se o livro; prenderá as folhas se Vossa Majestade soltar os raios, que eles alumiarão (com Reais vantagens) mais âmbitos dos que pretende ilustrar a pena, existindo esses borrões só na forma em que as luzes podem servir as trevas.

Porém, Senhor, como descrevo uma das maiores Regiões da terra, permita-me Vossa Majestade que, dos resplendores dessa própria Esfera Régia tire uma luz para iluminar as sombras dos meus escritos, sem o delicto de Prometeu em roubar um raio ao Sol, para animar o barro de sua estátua; tanto se deve pedir a um Príncipe, em tal extremo generoso, e tudo pode conceder um Monarca, como Vossa Majestade, por todos os atributos grande e tão digno de Império que, nos anos pela idade menos robustos, em tempo que vacilante o Orbe ia caindo, lhe puseram a natureza e a fortuna aos ombros, não só o peso de um Reino florente,  mas a máquina de um Mundo Arruinado. Foi Vossa Majestade o verdadeiro Atlante e a fortíssima coluna que, sustentando-o com as forças e com as disposições, lhe evitou os estragos, sendo a refulgene Coroa de Vossa Majestade Escudo de Palas para a defensa, e o seu venerado Cetro, raio de Júpiter para o respeito. A Real Pessoa de Vossa Majestade guarde Deus muitos anos.
História da América Portuguesa
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