Intertextualidade: atividades
Ana Lúcia Tinoco Cabral
Nílvia Pantaleoni
O dicionário registra, para o verbete provérbio, o seguinte:
- Máxima breve e popular; adágio, anexim, ditado, refrão, sentença moral.
- Pequena comédia que tem por entrecho o desenvolvimento de um provérbio.
Provérbio é, portanto, um dito popular que contém uma mensagem que anuncia algo sobre a vida, geralmente de maneira metafórica e, algumas vezes, até irônica.
Os japoneses divulgam o seguinte provérbio: “Água à distância não apaga incêndio.” Sabendo-se que incêndio simboliza devastação, acidente muitas vezes fatal, e a água é o antídoto do fogo, uma forma de interpretar a metáfora japonesa é: enfrente seus problemas de perto.
Atividade 1: Traduza, por meio de paráfrases, o sentido contido em cada um dos seguintes provérbios:
- Cada macaco no seu galho.
- Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
- Nem tudo o que reluz é ouro.
- Em casa de ferreiro o espeto é de pau.
- Em terra de cego, quem tem um olho é rei.
- Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
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Atividade 2: Pelo fato de os provérbios serem máximas populares com as quais as pessoas muitas vezes, não concordam, alguns escritores gostam de ironizar, de brincar com este tema.
Observe o pequeno conto de Voltaire de Souza, em que o autor brinca com o conceito de provérbio, criando uma máxima pessoal. Em seguida, escolha um provérbio e crie, no mesmo estilo do conto, sua própria história.
VIDA BANDIDA
Licor
Voltaire de Souza
O dia dos namorados se aproxima. Mas a vida de uma jovem executiva é agitada. Corina trabalhava numa multinacional. “Não tenho tempo nem para o supermercado.” Namorava um rapaz chamado Júlio. “O que é que eu compro para ele? Ele tem tudo… não gosta de nada.” Corina passeava entre as gôndolas. Produtos finos sempre agradam ao paladar exigente. “Será que o Júlio vai gostar deste licor de anis?” A dúvida não durou muito. Entrou no supermercado o assaltante Canhoto. “Levo a garrafa. E a tua grana.” Corina deparou no porte atlético do delinqüente. Paixão imediata e correspondida. Corina não mais se preocupa em dar presentes. “Quando ele gosta, ele leva.”
O verdadeiro amor não tem data e dispensa lembrancinhas.
Folha de São Paulo. 06/06/2000.