Mês: agosto 2013

Levantamento estrutural da Introdução do TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL de Gabriel Soares de Sousa

 tratado descritivo do brasil
PRIMEIRA PARTE
ROTEIRO GERAL COM LARGAS INFORMAÇÕES DE TODA A COSTA DO BRASIL
PROEMIO
Como todas as cousas tem fim, convém que tenham principio, e como o de minha pretensão é manifestar a grandeza, fertilidade e outras grandes partes que tem a Bahia de todos os Santos e o demais Estado do Brasil, do que se os Reis passados tanto se descuidaram; a El-Rei Nosso Senhor convém, e ao bem do seu serviço, que lhe mostre, por estas lembranças, os grandes merecimentos d’este seu Estado, as qualidades e estranhezas dele, etc.; para que lhe ponha os olhos e bafeje com seu poder; o qual se engrandeça e estenda a felicidade, com que se engrandeceram todos os Estados que reinam debaixo da sua proteção; porque está muito desamparado depois que El- Rei D. João III passou d’esta vida para a eterna, o qual o principiou com tanto zelo, que para o engrandecer meteu nisso tanto cabedal, como é notório, o qual se vivera mais dez anos, deixara nele edificadas muitas cidades, vilas e fortalezas mui populosas, o que se não efetuou depois do seu falecimento, antes se arruinaram algumas povoações que em seu tempo se fizeram. Em reparo e acrescentamento estará bem empregado todo o cuidado que Sua Majestade mandar ter deste novo reino; pois está capaz para se edificar nele um grande império, o qual com pouca despesa destes reinos se fará tão soberano, que seja um dos Estados do mundo, porque terá de costa mais de mil léguas, como se verá por este Tratado no tocante à cosmografia dele, cuja terra é quase toda muito fértil, mui sadia, fresca e lavada de bons ares, e regada de frescas e frias águas. Pela qual costa tem muitos, mui seguros e grandes portos, para neles entrarem grandes armadas com muita facilidade; para as quais tem mais quantidade de madeira que nenhuma parte do mundo, e outros muitos aparelhos para se poderem fazer. É esta província mui abastada de mantimentos de muita substancia e menos trabalhosos que os de Espanha. Dão-se nela muitas carnes assim naturais dela, como das de Portugal, e maravilhosos pescados; onde se dão melhores algodões que em outra parte sabida, e muitos açúcares tão bons como na ilha da Madeira. Tem muito pão de que se fazem as tintas. Em algumas partes dele se dá trigo, cevada, e vinho muito bom, e em todas todos os frutos e sementes de Espanha, do que haverá muita qualidade, se Sua Majestade mandar prover nisso com muita instância, e no descobrimento dos metais que nesta terra há; porque lhe não falta ferro, aço, cobre, ouro, esmeralda, cristal e muito salitre, e em cuja costa sai do mar todos os anos muito bom âmbar; e de todas estas e outras podiam vir todos os anos a estes reinos em tanta abastança, que se escusem os que vem a eles dos estrangeiros, o que se pôde facilitar sem Sua Majestade meter mais cabedal neste Estado que o rendimento dele nos primeiros anos; com o que o pôde mandar fortificar e prover do necessário a sua defensão; o qual está hoje em tamanho perigo, que se nisso caírem os corsários, com mui pequena armada se senhorearão desta província, por razão de não estarem as povoações dela fortificadas, nem terem ordem com que possam resistir a qualquer afronta que se oferecer ; do que vivem os moradores dela tão atemorizados, que estão sempre com o fato entrouxado para se recolherem para o mato, como fazem com a vista de qualquer nau grande, temendo-se serem corsários; a cuja afronta Sua Majestade deve mandar acudir com muita brevidade; pois há perigo na tardança, o que não convém que haja; porque se os estrangeiros se apoderarem desta terra custará muito lançá-los fora dela, pelo grande aparelho que tem para nela se fortificarem, com o que se inquietará toda Espanha, e custará a vida de muitos capitães e soldados, e muitos milhões de ouro em armadas e no aparelho delas, ao que agora se pode atalhar acudindo-lhe com a presteza devida. Não se crê que Sua Majestade não tenha a isto por falta de providencia, pois lhe sobeja para as maiores empresas do mundo; mas de informação do sobredito, que lhe não tem dado quem disso tem obrigação. E como a eu também tenho de seu leal vassalo, satisfaço da minha parte com o que se contém neste Memorial, que ordenei pela maneira seguinte.

Levantamento estrutural da Introdução do TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL de Gabriel Soares de Sousa

Levantamento estrutural da Introdução do TRATADO DESCRITIVO DO BRASIL de Gabriel Soares de Sousa

LEVANTAMENTO ESTRUTURAL da PRIMEIRA PARTE da CARTA do PADRE MANUEL DA NÓBREGA ao INFANTE CARDEAL D. HENRIQUE (1560)

CARTA do PADRE MANUEL DA NÓBREGA ao INFANTE CARDEAL D. HENRIQUE (1560).

Padre Manuel da Nóbrega
Padre Manuel da Nóbrega

Ao INFANTE CARDEAL (D. HENRIQUE)

Conversão do Gentio. — Christãos e índios da Bahia. — Guerra dos Ilhéos. — Os índios do Paraguaçú. — Pazes. — Chegada de uma armada á Bahia. — Men de Sá. — Vasco Fernandes Coutinho. — Conquista ão Rio de Janeiro. — Francezes. — Guerra aos índios.

PAZ de Christo Nosso Senhor seja sempre em continuo favor e ajuda de Vossa Alteza.O anno passado de 1559 me deram uma de Vossa Alteza em que me manda que lhe escreva e avise das cousas desta terra, que elle deve saber. E pois assim m’o manda, lhe darei conta do que Vossa Alteza mais folgará de saber, que é da conversão do Gentio, a qual, depois da vinda deste governador Men de Sá, cresceu tanto que por falta de operários muitos deixamos de fazer muito fructo, e todavia com esses poucos que somos, se fizeram quatro egrejas em povoações grandes, onde se ajuntou muito numero de Gentio, pela boa ordem que a isso deu Men de Sá, com os quaes se faz muito fructo, pela sujeição e. obediência que têm ao Governador, e em mentes durar o zelo delle se irão ganhando muitos; mas, cessado em breve se acabará tudo, ao menos entretanto que não têm ainda lançadas boas raizes na Fé e bons costumes.

ESTUDO ESTRUTURAL da PRIMEIRA PARTE: Conversão do Gentio

Estudo estrutural da Primeira Parte da cara da padre Manuel da Nóbrega ao Infante Cardeal D. Henrique (1560)
Estudo estrutural da Primeira Parte da cara da padre Manuel da Nóbrega ao Infante Cardeal D. Henrique (1560)