Categoria: léxico

BALANÇO DA DISCIPLINA “ORALIDADE E ESCRITA: FUNDAMENTOS E ENSINO”

Oralidade e escrita programa 2015 é uma disciplina que abarca muitos conteúdos e muita possibilidade de prática. Acontece que a carga horária restringe-se a 32 horas e se divide em 8 aulas. Decisões precisam ser tomadas para que haja um real aproveitamento tanto por parte dos alunos quanto por parte da professora que também se beneficia com as interações.

Por sorte, a bibliografia básica é simples se levamos em consideração o estilo dos teóricos envolvidos com a Análise da Conversação, mesmo assim, ou por causa disso, compõe-se de obras extremamente pertinentes. Nesse sentido, as aulas da disciplina (final de fevereiro – início de abril de 2015) foram desenvolvidas com ênfase na prática, ou seja, os alunos foram, a partir da primeira aula, a campo para a constituição, cada um individualmente, de um corpus para servir de ponto de partida e de referência para os conceitos implicados na teoria.

Selecionamos o gênero entrevista para ilustrar os conceitos da Análise da Conversação. Como a turma era composta por 11 alunos, foram realizadas 11 entrevistas. Cada entrevista foi gravada e apresentada para o restante da turma. Cada um fez a transcrição de sua entrevista empregando as normas do projeto NURC.

No decorrer das aulas, os alunos e a professora procuraram discutir as características das modalidades oral e escrita da língua como parte de um continuum tipológico, tendo como perspectiva os diferentes gêneros textuais; analisar as produções discursivas tendo por base pressupostos da Análise da Conversação; e refletir sobre as possibilidades de operacionalizar o estudo da interação verbal no ensino da Língua Portuguesa. Para tanto, cada aluno ficou responsável por um tema relacionado aos objetivos da disciplina: variação linguística: dialetos, registros e norma; transformações no fenômeno sociolinguístico da gíria; como falam as pessoas cultas; a dimensão social das palavras; textos construídos na internet; o texto oral em sala de aula; tópico discursivo; turno conversacional; marcadores conversacionais; procedimentos de reformulação: paráfrase; procedimentos de reformulação: correção.

É esperado que os estudos da Análise da Conversação tomem como ponto de partida um texto falado. Tenho o hábito de, no decorrer das aulas, lançar para os alunos o desafio de transformar um texto de concepção escrita e de modo de produção também escrito em um texto de concepção falada e de modo de produção também falado. Tenho observado que essa atividade leva à percepção da riqueza da fala e das múltiplas possibilidades de uma mesma informação ou de um mesmo assunto ser desenvolvido. O desafio, realizado por duplas de alunos, constituiu-se, em transformar INSTRUÇÕES PARA MONTAGEM DE PASTA em DIÁLOGO – COMO SE MONTA UMA PASTA.

Foram realizados seminários para discussão das atividades e dos conceitos apresentados por autores fundamentais para nossa disciplina. Estas são as capas das edições que usei:MARCUSCHI DA FALA PARA A ESCRITA, KERBRAT-ORECCHIONI e Captura de Tela 2015-04-22 às 12.00.51.

Finalmente, para o trabalho de conclusão da disciplina (excertos, com permissão dos alunos, podem ser conferidos), a turma foi dividida em quatro duplas: Vanessa e Isac; Antônio e Willian; Juliana e Helton; Mônica e Mariana; e um trio:Edson, Elenilton e Marcos. Agradeço a toda turma o empenho e a colaboração em todas as nossas interações.

ELEMENTOS DE TIPOLOGIA DO TEXTO DESCRITIVO

 

ELEMENTOS DE TIPOLOGIA DO TEXTO DESCRITIVO

NEIS, I. A. C. M. In: Fávero, L.L.& Paschoal, M.S.Z. Linguística Textual. Texto e Leitura, Série Cadernos PUC n. 22, São Paulo: EDUC, 1986.
(Adaptado por Nílvia Pantaleoni)

 

O ESTATUTO DA DESCRIÇÃO

A descrição é encontrada, tematizada, nos estilos romântico, clássico, neoclássico, realista e fantástico, também está presente em obras e trabalhos científicos, em dicionários e enciclopédias, em manuais técnicos, em propagandas, enfim, na grande variedade de textos consumidos diariamente. Descrevem-se tanto objetos reais quanto objetos ficcionais; tanto personagens quanto linguagens e conceitos. A descrição aparece, portanto, nas mais diversas modalidades e com as mais diversas funções.

O leitor facilmente distingue as passagens descritivas das passagens narrativas de um texto, embora o critério de distinção seja geralmente intuitivo e pouco consistente, baseado que está na ideia de que a descrição descreve coisas e a narração, atos. Na realidade, o estatuto da descrição é bastante impreciso. Às vezes, o descritivo é oposto ao normativo (ao crítico, ao prescritivo), O descritivo é visto, muitas vezes, como um “grau zero” geral, que facilita, por oposição, a discriminação de outros tipos textuais mais marcados, como o poético, o performativo, o psicológico, o explicativo, o normativo.

É possível conceber textos puramente descritivos, mas parece impossível produzir um texto narrativo sem elementos descritivos. A descrição parece, portanto, ser inseparável da narração. A onipresença de textos descritivos e o fato de o leitor distinguir – embora mais ou menos intuitivamente – passagens descritivas levam a crer que o falante, além de uma “competência textual narrativa”, possui uma “competência textual descritiva” que funciona tanto na produção quanto na recepção de textos.

 

CONCEITO BÁSICO DE DESCRIÇÃO

A coesão global do texto descritivo requer a conjunção de pelo menos dois actantes: o descritor e o descrito. O descritor pode ser manifesto, ou não, no texto. No caso de ser identificável, seu papel será assumido pelo narrador ou por outro elemento do texto (personagem, animal, objeto). Ele é a base determinante da seleção e da interpretação do que é descrito. O descrito, normalmente manifesto no texto, também pode ter várias representações: o leitor, uma personagem, um animal, um objeto, uma noção.

A descrição constitui um recorte no seu referente, e sua disposição lógica é uma “arborescência”. O objeto descrito tem, essencialmente, três ordens de grandezas: a situação, as qualidades e os elementos que podem integrar-se na descrição e que em geral constituem os elementos básicos desta.

Para uma conceituação mais precisa do processo descritivo, Adam&Petitjean recorrem à análise da definição lexicográfica, centrada em dois elementos, a denominação e a definição, partindo do conceito proposto por Hamon de que a descrição pode ser definida sumariamente como uma estrutura hierárquica que coloca em relação de equivalência uma denominação (condensação) e uma expansão (definição), sendo a própria expansão a colocação em equivalência de uma nomenclatura e de uma série de predicados. A denominação-condensação equivale ao objeto-tema da descrição; a expansão-definição deve ser entendida como uma nomenclatura de subtemas, aos quais se associam os diferentes predicados.

 

A COESÃO DO TEXTO DESCRITIVO

Um dos problemas fundamentais relativos à caracterização do texto descritivo consiste em identificar seus fatores de coesão, ou seja, os marcadores linguísticos da descrição e seu modo de funcionamento. Num texto narrativo, as passagens descritivas formam geralmente um todo mais ou menos autônomo, um bloco semântico, muitas vezes destacável. Aliás, é possível introduzir expansões descritivas em qualquer ponto da narração.

Para se compreender em que consiste a competência descritiva, parece útil opô-la à competência narrativa. A estrutura narrativa apela para uma competência de tipo lógico e previsível, pois uma narração pode ser considerada como uma série de transformações baseadas em funções hierarquizadas, implicando uma dimensão temporal e uma evolução orientada. Em outras palavras, na narração, o leitor espera conteúdos mais ou menos dedutíveis de uma estrutura lógico-semântica de transformações, até chegar a uma situação final. Deve-se ressaltar ainda que a estrutura profunda da narração – sistematizável e recorrente – é mais ou menos independente de sua manifestação superficial, visto que um mesmo esquema narrativo pode realizar-se, na superfície, por meios discursivos variados.

Já a descrição resiste mais a uma condensação esquemática ou a uma retranscrição discursiva. Aqui, o horizonte de expectativa parece centrado principalmente nas estruturas de superfície, lexicais e estilísticas, pois ela se realiza através de uma série de elementos ligados por inclusão ao objeto-tema, associados a predicados qualificativos e funcionais, implicando uma dimensão espacial e um estado de acronia.

Entretanto, afirmar que o sistema descritivo seria um desdobramento de uma lista armazenada na memória só em parte dá conta do funcionamento discursivo da descrição. Como a descrição não se apresenta, normalmente, como um simples inventário de nomenclaturas, constata-se que a coesão do texto descritivo resulta da convergência de vários recursos sintáticos e lexicais, isto é, de marcas morfológicas especiais. Entre esses marcadores da descrição, devem ser citados os seguintes:

  1. um léxico particular: uma certa nomenclatura de campos semânticos relacionados com o objeto-tema da descrição;
  2. o uso de articuladores (conjunções, advérbios, preposições) que se relacionam com a situação do objeto-tema e de suas partes no espaço;
  3. certas operações gramaticais e sintáticas, tais como o acúmulo de adjetivos e de orações adjetivas, a justaposição, a parataxe;
  4. um certo efeito de lista e de particularização, que produz um ritmo próprio à descrição (síncope, justaposição, etc.);
  5. o uso predominante de certos tempos verbais: o presente de comentário; o pretérito imperfeito descritivo, por oposição ao pretérito perfeito narrativo;
  6. o amplo emprego de figuras retóricas, tais como a metáfora, a metonímia, a sinédoque, a comparação.

A título de ilustração, discute-se a seguir o uso de tempos verbais. O pretérito imperfeito contém os traços de descrição, de índice e de função, ao passo que o pretérito perfeito contém os traços de narração e de agente. Essa oposição aspectual do pretérito perfeito e do pretérito imperfeito parece fundamentada, pois a narração está ligada a ações ou eventos considerados como processos e, por isso mesmo, ela ressalta o aspecto temporal e dramático da narrativa; a descrição, pelo contrário, – visto que se detém em objetos e seres considerados na sua simultaneidade e encara os próprios processos como espetáculos – tem o efeito de suspensão do curso do tempo e contribui para estender a narração no espaço.

Weinrich sustenta que o pretérito perfeito serve para o núcleo narrativo, para o primeiro plano da narrativa; o imperfeito, para o plano de fundo, o cenário. Por primeiro plano, o autor entende o porquê da história narrada, aquilo que acontece e que pode ser resumido; e por plano de fundo, o que por si só não teria interesse, mas ajuda o leitor a orientar-se através do mundo.

Segundo Adam&Petitjean, o imperfeito tem nitidamente valor descritivo e efeito de focalização, isto é, de comentário, de discurso no passado. Constata-se, de fato, que a maioria dos textos narrativos redigidos no passado tem no pretérito imperfeito o tempo fundamental da descrição e que a maioria dos textos não narrativos tem como tempo fundamental da descrição o presente de comentário, pois tais textos situam-se, geralmente, no mundo comentado.

 

PRINCÍPIOS DE ESTRUTURAÇÃO DO DESCRITIVO

As operações de seleção baseadas na situação de enunciação e na subjetividade do sujeito-enunciador e suas consequências na estruturação do texto descritivo decorrem de diversos princípios, que serão arrolados e desenvolvidos a seguir, com base, principalmente, no que se encontra exposto em Adam&Petitjean.

  • Não se percebe a totalidade daquilo que é perceptível.
  • Não se verbaliza a totalidade daquilo que se percebe.
  • Descreve-se de acordo com seus conhecimentos (linguísticos e extralinguísticos) e de acordo com os conhecimentos supostos do leitor.
  • A descrição deve sujeitar-se às regras da escrita.
  • A descrição depende do tipo de discursividade do texto que a engloba.
  • A descrição varia de acordo com os gêneros e possui sua própria história.

Este princípio enuncia dois fatos facilmente constatáveis. O primeiro é que a descrição ocupa um lugar menor em formas narrativas simples, como contos e fábulas, e um lugar que chega a ser relevante nos grandes gêneros, como é o caso de epopeias, romances realistas, histórias de ficção científica. O segundo fato é que, historicamente, várias tendências descritivas sucessivas exerceram grande, influência na literatura. Adam&Petitjean apresentam quatro tendências principais:

  1. A descrição ornamental: estabelecida há séculos, baseada no gosto e na preocupação com a pompa e o ornamento do estilo, esta tendência corresponde a uma expectativa fortemente institucionalizada, rejeitando efeitos realistas e fazendo predominar uma beleza idealizada, através de quadros, paisagens e cenas de características preestabelecidas;
  2. a descrição expressiva: surgiu na segunda metade do século XVIII e durante o século XIX, a partir de novos valores no campo da representação literária, entre os quais se destaca a consagração da imaginação contra a imitação, e a consequente criação de mundos pessoais a partir da teoria da analogia e das correspondências. Nas descrições, passam-se a multiplicar os enunciados expressivos, simbólicos, dando primazia, tanto na prosa quanto na poesia, ao processo metafórico, com o uso intensivo de figuras retóricas.
  3. a descrição representativa: nasce com os realistas que, inspirados pelo positivismo da época, pretendem que a objetividade, nos dois sentidos, de neutralidade e de precisão, é possível na medida em que “a verdade está nas coisas”. O realismo atribui à descrição duas funções principais: a primeira, que os autores denominam função matésica, permite ao escritor exibir seu saber acumulado em leituras e investigações mais ou menos exaustivas; a segunda, que chamam de função didascálica, possibilita à descrição estabelecer o autorreferente do texto, isto é, faz com que ela crie a situação espaço-temporal e o tipo de mundo no qual interagem as personagens, estas também criadas a partir da descrição.
  4. a descrição produtiva: em reação contra a descrição realista, a descrição assume uma função criativa, fazendo com que a própria descrição, praticada intensivamente, acabe por desenvolver os objetos ficcionais engendrados pela escritura.
  • A descrição depende do papel que desempenha na economia interna do texto.

Quanto ao papel que a descrição exerce na economia interna do texto narrativo, Hamon destaca cinco funções principais, assim caracterizadas:

a) Função demarcadora, que consiste em assinalar ou ressaltar as articulações da narrativa;

b) Função proteladora, constituindo-se num meio de retardar a ação;

c) Função decorativa, no sentido de provocar um efeito de real ou um efeito de poesia , segundo princípios estéticos e retóricos;

d) Função organizadora, que consiste em garantir o encadeamento lógico, a legibilidade e a previsibilidade da narração;

e) Função focalizadora, que contribui para o antropocentrismo da narração, revelando o ponto de vista do descritor a respeito do descrito.

 

Adam&Petitjean também citam um certo número de funções que a descrição possui dentro do texto narrativo:

a) Construir o cenário da narrativa;

b) Fazer o retrato de uma personagem;

c) Exprimir o ponto de vista de uma personagem;

e) Introduzir enunciados explicativos de ações anteriores;

f) Assumir as apreciações e os conhecimentos do autor;

g) Anunciar prospectivamente ações mais ou menos previsíveis;

h) Estabelecer as isotopias do contexto; etc.

Para ilustrar de que modo funciona essa integração entre as funções da descrição e da narração, os autores lembram que as descrições invadem muitas vezes os estados iniciais (constituídos de pequenos acontecimentos relatados no pretérito imperfeito) e, mais amplamente, o início e o fim de narrativas e o início e o fim de sequências. A descrição desempenha um papel demarcador importante, focalizando o texto em torno (do estado) de um lugar ou em torno (do estado) de uma personagem, para esboçar os acontecimentos que sobrevirão ou para encerrar uma ação que se desenrolou.

 

A DESCRIÇÃO EM DIFERENTES DISCURSOS

Abandonando o terreno da narrativa, sobretudo da narrativa literária, e abordando outros tipos textuais, constata-se que a descrição tem várias funções além daquelas já apontadas. Ela terá igualmente outras características, de acordo com o princípio que diz: A descrição depende do tipo de discursividade do texto que a engloba. Por um lado, a estrutura e o discurso da descrição dependem do tipo de texto em que ela está inserida. E esse tipo pode variar quase indefinidamente, da publicidade à receita, do estudo de geologia ao retrato falado, do guia turístico à tese científica, do manual de geografia ao manual de uso de uma máquina. Por outro lado, também a função da descrição varia de acordo com a finalidade enunciativa do texto que a engloba: demonstrar, constatar, orientar, instruir, persuadir, divertir, emocionar, ilustrar, etc.

Assim sendo, a descrição muitas vezes não tem mero caráter descritivo e referencial, mas pode ter um sentido pragmático-argumentativo, uma certa força ilocutória derivada dos códigos tecnológico e estético que estão sendo utilizados. Deve-se considerar também que, em alguns tipos de textos, a inserção da descrição constitui um recurso mais ou menos facultativo, opcional, como seria o caso de certos textos argumentativos, filosóficos, poéticos, ao passo que outros tipos textuais são fundamentalmente descritivos, quando não descritivos por definição, tais como a descrição de uma planta num manual de botânica, um guia turístico, um retrato falado.

Comentários sobre Reflexões sobre a Linguagem, de Noam Chomsky (PRIMEIRA PARTE)

A faculdade de linguagem é um componente essencial da estrutura mental inata.

Este mote, Chomsky vai glosar nas reflexões que faz a respeito da linguagem e está presente nas duas partes em que se compõe a obra Reflexões sobre a Linguagem[1]. A primeira, uma transcrição elaborada pelo autor de “As Conferências de Whidden”, realizadas em 1975, é dividida em três capítulos: 1. Sobre a Capacidade Cognitiva; 2. O Objetivo da Investigação; e 3. Algumas Características Gerais da Linguagem. A segunda parte, de maior fôlego, pois nela Chomsky procura rebater as muitas críticas às suas investigações, apresenta o capítulo 4. Problemas e Mistérios no Estudo da Linguagem Humana, que, na realidade, é uma versão revista por Chomsky de um ensaio encomendado no ano anterior, 1974, a ser publicado, juntamente com os de outros especialistas da linguagem, em homenagem a Yehoshua Bar-Hillel, lógico israelita de origem polonesa, autor de Aspectos da Linguagem, 1970.

Mais de um quarto de século depois, ainda são pertinentes estas reflexões que, antes de mais nada, são corajosas por já se inserirem no contexto dos estudos pragmáticos da linguagem, subsidiados pelos filósofos da Escola de Oxford, para quem a função comunicativa da linguagem é a preponderante e que são criticados por Chomsky, que previa, é verdade, a validade do estudo do desempenho linguístico – performance – num contexto que já tivesse dado conta da competência – competence – conforme ele reafirma, no mesmo ano (1975), no famoso encontro com Piaget, quando foram confrontadas as teses do construtivismo piagetiano e do inatismo chomskiano: Esperamos construir no futuro uma teoria explicativa global do desempenho, a qual enunciará de maneira muito precisa a interação dos diferentes sistemas, entre os quais, o conhecimento da língua (competência linguística e gramática). As observações relativas ao desempenho envolvem diretamente esse sistema de explicação e, assim, de um modo indireto, os componentes que ele postula[2].

Selecionamos para esta resenha crítica o ponto de vista de Chomsky a respeito do inatismo da linguagem e, apesar de ele estar sempre se referindo a um “locutor ideal” , valemo-nos de um informante real que, no momento desse estudo, vivencia uma das mais extraordinárias experiências humanas: apossar-se do mundo por meio da aquisição da linguagem. Também, vamos seguir a argumentação de Chomsky, na segunda parte da obra, quando ele rebate as críticas que lhe foram feitas por Quine.

O inatismo da linguagem já foi discutido inúmeras vezes e parece que existe consenso entre os linguistas a este respeito. Muitas vezes, quando Chomsky era questionado a este respeito, ele argumentava dizendo que era muito natural que os seres humanos, com o desenvolvimento nitidamente superior do cérebro em relação às outras espécies animais, tivessem a capacidade inata da linguagem, comparando-a com capacidades inatas, por exemplo, dos castores que já nasciam predeterminados para construir barragens e abrigos semi-submersos.

Chomsky parte da indagação de Bertrand Russel que retoma uma interrogação milenar: Como se explica que seres humanos, cujos contatos com o mundo são breves, pessoais e limitados sejam, no entanto, capazes de saber tanto quanto na realidade sabem?[3]. A resposta de Chomsky está no conceito de uma estrutura cognitiva abstrata, criada por uma faculdade inata do espírito, representada de modo ainda desconhecido no cérebro. Sendo o espírito uma capacidade inata de formar estas estruturas cognitivas, existindo uma estrutura cognitiva específica referente à linguagem. Ela existe em nosso cérebro e, para Chomsky, ela deve ser estudada do mesmo modo como são estudados os outros órgãos físicos. Então, é o nosso organismo que tem a capacidade de construir, de desenvolver estas estruturas cognitivas, e o nome que se dá a esta capacidade inata de nosso organismo é aprendizagem. Nesse sentido, Chomsky vai especular a respeito das Teorias da Aprendizagem, já que aprender é a capacidade que o organismo tem de construir estruturas cognitivas. Ou ainda, aprender é essencialmente um problema de preencher pormenorizadamente uma estrutura inata.

Qual é o problema fundamental de uma teoria linguística TA (H, L), onde TA = teoria de aprendizagem, H = seres humanos e L = língua? De acordo com nosso pensador, é delimitar a classe de ‘sistemas passíveis de aprendizagem’ de modo a podermos explicar a rapidez, uniformidade e riqueza da aprendizagem dentro do âmbito da capacidade cognitiva. Evidentemente a hipótese da aprendizagem instantânea de uma língua é rechaçada, contudo o espaço de tempo que vai do estágio inicial a um estágio de maturação, EC (estado cognitivo alcançado na aprendizagem de uma língua) é muito rápido.

A formulação do problema da aquisição da linguagem, Chomsky faz no início da segunda parte de suas reflexões: Que espécie de estruturas cognitivas são desenvolvidas pelos seres humanos, com base na experiência, especificamente no caso da aquisição da linguagem?. A resposta ele dá logo a seguir: Estes estados das estruturas cognitivas, no caso da linguagem, passam por alterações rápidas e extensivas durante um período inicial de vida e, alcançado um estado invariável, ‘final’, este sofre depois apenas modificações de menor relevância.

Qualquer um, desde que se aplique em observar, ainda que sem rigor científico, um bebê, do nascimento até, aproximadamente dois anos, verificará a grosso modo a veracidade da hipótese chomskiana. As conclusões a que pudemos chegar ‑ e inúmeros pesquisadores já puderam constatar com rigor ‑ observando um bebê, atualmente com um ano e nove meses, corroboram a afirmação de Chomsky de que os seres humanos são dotados de um sistema inato de organização intelectual a que poderemos chamar ‘estado inicial’ do espírito. Os seres humanos estão programados para falar, desenvolvendo-se a linguagem de forma natural e rápida, se existir um ambiente favorável para o desencadeamento das funções inatas. Este ambiente favorável, que não se atrela a classe social, ou raça, ou localização geográfica, ou ainda, cultura determinada, vai fornecer informações orais e outros estímulos à criança que constituirá sua gramática numa ordem preestabelecida e num plano predeterminado geneticamente. Pela ordem, os níveis que vão sendo desenvolvidos são os seguintes: Fonêmico, Mórfico e Sintático.

O nível fonêmico começa se manifestar pelo choro que, a partir de alguns meses, já tem uma função apelativa, além da função inicial instintiva. É o mesmo choro que, por volta de um ano, aperfeiçoa-se atingindo o estágio conhecido como “manha” e que, se não é devidamente controlado pelos adultos, se transforma nas inevitáveis “birras”. A função apelativa também vai sendo desenvolvida pelo balbucio constante de sons que vão se articulando e se fixando em alguns fonemas de produção mais simples e quase sempre duplicados. É a fase do papa, mamã, vovó, vovô, teté, nenê, tite e assim por diante. Nessa fase normalmente os adultos que convivem com o bebê, acreditam que seu papel de fornecedor de matéria prima é essencial para o desenvolvimento da linguagem. No entanto, um dia o bebê vem com uma formação sonora que ninguém havia antes lhe ensinado e esta formação não é apenas um balbucio, trata-se já de um signo na concepção de Saussure, com as duas faces já estabelecidas pela criança. Significante: /bibi/ e Significado: epiderme, pele que normalmente fica sob a roupa. O signo foi decodificado pelos adultos com o auxílio do bebê, na época com pouco mais de um ano, idade em que passa a ter mais consciência do próprio corpo. Curiosamente, o repertório de palavras inventadas, alguns dias depois, é acrescido do significante: /bibi-bobó/ com o significado de automóvel. É certo, então, que as manifestações linguísticas, que as crianças recebem do seu meio, exemplificam apenas uma parte das regras gramaticais que ela acaba dominando.

O nível mórfico tem um desenvolvimento impressionante a partir de um ano e meio, com a aquisição diária de inúmeras palavras monossílabas e dissílabas, com a solicitação da criança que passa a apontar tudo o que lhe chama a atenção, assenhorando-se do mundo que a cerca, na medida em que vai lhe dando nomes. Existe para Chomsky a “ação de denominar” que é primária e isolável, as unidades lexicais estão localizadas num ‘espaço semântico’ gerado pela ação recíproca da faculdade da linguagem e de outras faculdades do espírito. Este espaço semântico – já que aprender é essencialmente um problema de preencher pormenorizadamente uma estrutura inata – vai sendo preenchido à medida que o bebê vai interagindo com o mundo. As categorias vão se formando, por exemplo, nomes de animais realmente vistos pela criança como: o hiperônimo onomatopaico “au-au” e os hipônimos ‑ nomes decães que a criança conhece: nenê, chu, mini; os hiperônimos onomatopaicos “miau” para os gatos e “piu-piu” para os passarinhos; e “pexinho” para os peixes do aquário; os animais de brinquedo e os virtuais das páginas dos livros e da tela da televisão vão aumentando incessantemente o léxico da criança.

Nesse momento, um outro nível mais complexo passa a desenvolver-se com enorme rapidez: o nível sintático. É agora que a criança vai iniciar o domínio de uma outra classe de palavras que lhe vai dar a possibilidade de formar as primeiras frases: os verbos. Os primeiros verbos, que se apresentam na terceira pessoa do singular do presente do indicativo, têm na realidade a força ilocutória da ordem, do pedido (emprestando o termo força ilocutória ou ilocucional dos atos de fala de Austin). Eis alguns exemplos: Qué mais! Num qué! Qué! Solta! Dá!. Logo em seguida, temos o emprego das primeiras perguntas, que também têm o valor de um pedido, de uma solicitação: Cadê panino? Cadê au-au? Que é isso?  Isso – a primeira palavra dêitica que tem a função de estabelecer referência entre o mundo extralinguístico e a sua representação em língua.

É interessante observar que toda elocução, nessa idade, é acompanhada por uma extraordinária expressividade da qual participam as mãos, a cabeça, o corpo todo e, que, quando seus desejos não são atendidos, o choro e o monossílabo não, pronunciado com entonações enfáticas, são os únicos argumentos que parecem conhecer. Serão o convencimento e a persuasão por meio da língua as últimas conquistas na aquisição da linguagem? É nesse momento que os primeiros atributos passam a fazer parte do léxico da criança, expressos de forma enfática e sempre antecedidos do “que exclamativo”, delineia-se já o que será futuramente a expressão de sua função emotiva: Que lindo! Que medo! Que gostoso!. Quase que concomitantemente, as primeiras asserções, isto é, as primeiras declarações a respeito do que lhe acontece e ao seu entorno, começam a se multiplicar. Os verbos ainda continuam na terceira pessoa do singular, no entanto, um novo tempo já é empregado: o pretérito perfeito. Alguns exemplos coletados de nosso informante são: Caiu! ‑ para expressar que ele própria caiu ou que derrubou alguma coisa; Foi embora! ‑ quando a gata foge às suas investidas; Bateu! – ao levar umas palmadas por mau comportamento; Voou! – quando algum passarinho bate as asas e desaparece de sua vista.

Concluindo nossas observações a respeito da aquisição da linguagem, de acordo com os postulados de Chomsky, vale lembrar que, para ele, a criança aprende a língua materna em idade na qual não aprende outros saberes tão complexos ou menos complexos que esse. Uma criança como a que acabamos de apontar, de um ano e nove meses, está saindo das fraldas, não consegue comer sozinha, sem derrubar a maior parte do alimento no trajeto do prato à boca e, se deixada no alto de uma escada, certamente sofrerá uma queda, pois seu senso de equilíbrio ainda está em formação. Ext

 

[1] Chomsky, N. Reflexões sobre a linguagem. Lisboa: edições 70, 1975.

[2]Piattelli-Palmarini, M. (org.)Teorias da Linguagem – Teorias da Aprendizagem: o debate entre Jean Piaget e Noam Chomsky. SP: Cultrix, 1979.

[3]Russel, B. Human Knowledge: Its scopes and limits. NY: George Allen and Unwin, 1948.

Para testar suas habilidades de leitor proficiente

Para testar suas habilidades de leitor proficiente, tente preencher as lacunas do Primeiro Capítulo da Obra de Antonil

Você confere as respostas logo abaixo, neste mesmo post. Boa sorte!

Se preferir, baixe o arquivo.

 

0 ser  01 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, é título, a que muitos aspiram, porque traz consigo, o ser servido, obedecido, e respeitado de muitos.  E se for, qual deve ser, 02  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx; bem se pôde estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quanto proporcionadamente se estimam os títulos entre os 03  xxxxxxxxxxxxxxxxx Reino. Porque engenhos há na  04  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que dão ao senhor quatro mil 05  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, e outros pouco menos, com cana obrigada à 06  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, de cujo rendimento logra o 07  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx ao menos a metade, como de qualquer outra, que nele livremente se mói: e em algumas partes ainda mais que a metade.

Dos senhores dependem os 08  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que tem 09  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx arrendados em terras do mesmo 10  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, como os cidadãos dos fidalgos: e quanto os senhores são mais possantes, e bem aparelhados de todo o necessário, afáveis, e verdadeiros; tanto mais são procurados, ainda dos que não tem a 11  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx cativa, ou por antiga obrigação, ou por preço que para isso receberão.

Servem ao senhor de engenho em vários 12  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, além dos 13  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que têm nas fazendas e na moenda, e fora os mulatos e mulatas, negros e negras de casa ou ocupados em outras partes; barqueiros, canoeiros, calafates, carapinas, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores e pescadores. Tem mais cada senhor destes, necessariamente, um mestre de açúcar, um banqueiro, e um contrabanqueiro, um purgador, um caixeiro no engenho, e outro na cidade, feitores nos partidos, e roças, um feitor-mor do engenho: e para o espiritual, um 14   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx; e cada qual destes oficiais tem 15   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Toda  a escravatura  (que nos maiores engenhos passa o número de cento e cinquenta, e duzentas peças, contando as dos partidos),  quer mantimentos  e  fardas,  medicamentos,  enfermaria   e enfermeiro;  e para  isso  são  necessárias  16   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx de muitas mil covas de 17  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Querem os 18   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, velames, cabos, cordas, e breu. Querem as 19   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que por sete, ou oito meses ardem de dia, e de noite, muita lenha; e para isso há mister dous barcos velejados, para se buscar nos portos, indo um atrás do outro sem parar, e muito dinheiro para a comprar; ou grandes matos, com muitos carros e muitas juntas de boi para se trazer. Querem os canaviais também suas barcas, e carros com dobradas esquipações de bois. Querem enxadas, e fouces. Querem as 20   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx machados e serras. Quer a moenda de toda a casta de paus de lei de sobressalente, e muitos quintais de aço e de ferro. Quer a 21   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx madeiras seletas e fortes para esteios, vigas, aspas e rodas; e pelo menos os instrumentos mais usuais, a saber; serras, trados, verrumas, compassos, réguas, escopros, enxós, goivas, machados, martelos, cantins, e junteiras, pregos e plainas. Quer a fábrica do 22   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx paróis e caldeiras, tachas e bacias, e outros muitos instrumentos menores, todos de cobre; cujo preço passa de oito mil cruzados, ainda quando se vende, não tão caro como nos anos presentes. São finalmente necessárias além das senzalas dos escravos, e além das moradas do capelão, feitores, mestre, purgador, banqueiro e caixeiro, uma 23   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx decente com seus ornamentos, todo o aparelho do altar e umas casas para o senhor do engenho com seu quarto separado para os 24   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que no Brasil, falto totalmente de estalagens, são contínuos; e o edifício do 25   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, forte e espaçoso, com as mais oficinas, e casa de purgar, caixaria, alambique, e outras cousas, que por miúdas aqui se escusa apontá-las, e delas se falará.

O que tudo bem considerado, assim como obriga a uns homens 26   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx a quererem antes ser 27   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx possantes de cana com um ou dous partidos de mil 28   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, com trinta ou quarenta 29 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx; do que ser  30 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx por poucos anos com a lida, e atenção que pede o governo de toda essa fábrica; assim, é para pasmar, como hoje se atrevem tantos a levantar 31   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, tanto que chegarão a ter algum número de escravos, e acharão quem lhes emprestasse alguma quantidade de  32   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx para começar a tratar de uma obra, de que não são capazes por falta de 33   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx; e muito mais por ficarem logo na primeira 34   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx tão empenhados com  35   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que na segunda, ou terceira já se declaram perdidos: sendo juntamente causa, que os que fiaram deles, dando-lhes fazenda e dinheiro, também quebrem e que outros zombem da sua mal fundada  36   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que tão depressa converteu em palha seca aquela primeira verdura de uma aparente, mas enganosa esperança.

E ainda que nem todos os 37   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx sejam reais, nem todos puxem por tantos gastos, quantos até aqui temos apontado: contudo, entenda cada qual, que com as mortes, e com as secas que de improviso apertam e mirram a 38   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx e com os desastres, que a cada passo sucedem, crescem os gastos mais do que se cuidava. Entenda também, que os 39   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx e outros oficiais desejosos de ganhar a custa alheia lhe facilitarão tudo de tal sorte, que lhe parecerá o mesmo levantar um engenho, que uma 40   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx de negros; e quando começar a ajuntar os aviamentos, achará ter já despendido tudo quanto tinha antes de se pôr pedra sobre pedra, e não terá com que pagar as soldadas, crescendo de improviso os gastos, como se fossem por causa das enxurrada dos 41  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Também se não tiver capacidade, modo, e agência que se requer na boa disposição e governo de tudo, na eleição dos 42   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, na boa correspondência com os lavradores, no trato da gente sujeita na conservação e compra das 43   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que possui, e na verdade e pontualidade com os mercadores, e outros seus correspondentes na praça, achará confusão, e ignorância no título de 44   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, , donde esperava acrescentamento de estimação, e de crédito. Por isso, tendo já fatiado do que pertenceu ao 4   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que há de ter, tratarei agora de como se há de haver no governo; e primeiramente da compra, e conservação das 46   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, e seus arrendamentos aos lavradores que tem; e logo da eleição dos oficiais que há de admitir ao seu serviço, apontando as obrigações, e as 47   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx de cada um deles, conforme o estilo dos engenhos reais da 48   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, e ultimamente do governo doméstico da sua 49   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, filhos, e escravos; recebimento dos hospedes, e pontualidade em dar satisfação a quem deve ; do que depende a conservação do seu crédito, que é o melhor 50   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx dos que se prezam de honrados.


 

açúcar

Bahia

Bahia

barcos

bastante cabedal e de bom juízo

cabedal

cabedal

cana

cana

capela

carpintaria

dinheiro

dívidas

engenho

engenho

engenho

engenhocas

engenhos

escravos de enxada e fouce

escravos de enxada e fouce

família

feitores e oficiais

fidalgos do Reino

fornalhas

governo e diligência

homem de cabedal e governo

hóspedes

lavradores

lavradores

mandioca

moenda

ofícios

pães de açúcar

pães de açúcar

partidos

pedreiros e carapinas

presunção

rios

roças

sacerdote seu capelão

safra

senhor de engenho

senhor de engenho

senhores de engenhos

senzala

serrarias

soldada

soldadas

terras

terras

 Atenção:

Cabedal: Conjunto de bens e riquezas materiais; capital

Soldada: Quantia que se paga a um trabalhador por um serviço; soldo

 

Respostas:

22

açúcar

04

Bahia

48

Bahia

18

barcos

26

bastante cabedal e de bom juízo

45

cabedal

50

cabedal

11

cana

38

cana

23

capela

21

carpintaria

32

dinheiro

35

dívidas

07

engenho

10

engenho

25

engenho

31

engenhocas

37

engenhos

13

escravos de enxada e fouce

29

escravos de enxada e fouce

49

família

42

feitores e oficiais

03

fidalgos do Reino

19

fornalhas

33

governo e diligência

02

homem de cabedal e governo

24

hóspedes

27

lavradores

01

lavradores

17

mandioca

06

moenda

12

ofícios

05

pães de açúcar

28

pães de açúcar

09

partidos

39

pedreiros e carapinas

36

presunção

41

rios

16

roças

14

sacerdote seu capelão

34

safra

01

senhor de engenho

44

senhor de engenho

30

senhores de engenhos

40

senzala

20

serrarias

15

soldada

47

soldadas

43

terras

46

terras

 

MONTAGEM DE UM POEMA de Carlos Drummond de Andrade

Instruções para a montagem do poema

1. O poema é composto por 4 estrofes assim divididas:  2 quartetos e 2 tercetos.

2. Cada verso dos 2 quartetos possui 3 palavras.

3. O v.  9 apresenta 4 palavras.

4. O v. 10 está entre parênteses e apresenta 3 palavras.

5. A última palavra do primeiro verso do poema é igual à primeira  palavra do segundo verso.

6. O v.  8 termina por uma interrogação.

7. Há um inseto no primeiro verso, e uma flor, no último verso do poema.

8. A primeira palavra do v.  7 é sinônimo de casamento.

9. O primeiro terceto termina por dois pontos.

10. O penúltimo verso do poema é composto por uma única palavra feminina, polissílaba.

11. A primeira palavra do poema e a primeira palavra do último verso são artigos indefinidos.

12. O primeiro terceto inicia-se pela palavra “Eis”.

13. A palavra que termina o v.  6 é “bloqueado”.

14. O v.  12 apresenta dois adjetivos; um deles indica uma cor.

15. O v.  3 apresenta um verbo no gerúndio cujo complemento é um substantivo feminino.

16. Os dois substantivos do v. 8 geralmente se encontram sob a terra.

17. Os nomes do v. 8 são ligados por uma conjunção.

18. O v. 6 e o v. 12 iniciam-se pela mesma preposição.

19. O cansaço tomou conta da última palavra do v.  5.

20. No substantivo do v.  9, Ariadne quase se perdeu.

21. Nos versos 4 e 5, os verbos estão no infinitivo.

22. A mesma preposição está presente nos  versos 2 e 4.

23. No v. 10, uma palavra termina por um ditongo nasal.

24. Existe um hiato na segunda palavra do v.  6.

25. O v.  11 inicia-se por uma palavra muito usada em partituras musicais.


 

 

Montagem do poema

 

PRIMEIRO QUARTETO

1 ………………………………………………………..
2 ………………………………………………………..
3 ………………………………………………………..
4 ………………………………………………………..

SEGUNDO QUARTETO

5 ………………………………………………………..
6 ………………………………………………………..
7 ………………………………………………………..
8 ………………………………………………………..

PRIMEIRO TERCETO

9 ……………………………………………………….
10 ……………………………………………………..
11 ……………………………………………………..

SEGUNDO TERCETO

12 ……………………………………………………..
13 ……………………………………………………..
14 ……………………………………………………..

Palavras do poema

(oh razão, mistério)

país

a terra

Eis

perfurando

achar

em

presto

alarme

em verde,

Que

antieuclidiana,

enlace

que

bloqueado,

escape.

raiz

cava

exausto,

se desata:

cava

fazer,

sem

de noite

forma-se.

sem

e

minério?

sozinha,

o labirinto

Um  inseto

uma orquídea