Categoria: leitura

Manoel de Barros

O poeta dos simples e dos verdadeiros partiu!

No Caderno de Apontamentos, ele registrou:

 

I.
Deixei uma ave me amanhecer.

IX.
Agora estou sonhado de glicínias.

XLVII.
Abelhas novembras murmuram meu olho.

XLIX.
……………………………………………
……………………………………………..
Os morros se andorinham longemente…
Eu me horizonto.
Eu sou o horizonte dessas garças.

L.
Ó azaleias veementes! Fim.

Arquivos de minha dissertação de mestrado: AS CARTAS DE RUY BARBOSA A MARIA AUGUSTA E DE MONTEIRO LOBATO A PUREZINHA: A INTERAÇÃO POR ESCRITO E AS METÁFORAS DO AMOR

INICIO DISSERTAÇÃO

INTR_CAP_1

QUARTO CAPÍTULO

CONCLUSÃO. Dissertação

BIBLIOGRAFIA.DISSERTAÇÃO

Anexos DISSERTAÇÃO

A TROCA DE TURNOS LOBATO

HISTÓRIA DOS CORREIOS

 

Rocha Pitta e a História da América Portuguesa

 

Ver a obra de Rocha Pitta

SENHOR.

 A AMÉRICA Portuguesa, em toscos, mas breves rasgos, busca os soberanos pés de Vossa Majestade, porque a obrigação e amor a encaminham ao Monarca Supremo de quem reconhece o domínio e recebe as Leis e a quem, com a maior humildade, consagra os votos, implorando ao Real proteção de Vossa Majestade, porque ao Príncipe, que lhe rege o Império, pertence patrocinar-lhe a História. Nela verá Vossa Majestade em grosseiro risco delineada a parte do Novo Mundo que, entre tantas do Orbe antigo que compreende o círculo da sua Coroa, é a maior da sua Monarquia. Não oferece a Vossa Majestade grandezas de outras Regiões em que domina o seu poderoso Cetro, tendo tantas que lhe tributar na do Brasil. Se o quadro parecer pequeno para a ideia tão grande, em curtos círculos se figuram as imensas Zonas e Esferas celestes; em estreito mapa se expõem as dilatadas porções da terra; uma só parte basta para representar a grandeza de um corpo; um só simulacro para simbolizar as Monarquias do Mundo: faltar-lhe-á o pincel de Timantes para em um dedo mostrar um Gigante; a inteligência de Daniel, para em uma estátua explicar muitos Impérios; mas sobra-lhe a grandeza de Vossa Majestade, em cuja amplíssima superior Esfera se estão as suas Províncias contemplando como Estrelas: só com ela pode desempenhar-se o livro; prenderá as folhas se Vossa Majestade soltar os raios, que eles alumiarão (com Reais vantagens) mais âmbitos dos que pretende ilustrar a pena, existindo esses borrões só na forma em que as luzes podem servir as trevas.

Porém, Senhor, como descrevo uma das maiores Regiões da terra, permita-me Vossa Majestade que, dos resplendores dessa própria Esfera Régia tire uma luz para iluminar as sombras dos meus escritos, sem o delicto de Prometeu em roubar um raio ao Sol, para animar o barro de sua estátua; tanto se deve pedir a um Príncipe, em tal extremo generoso, e tudo pode conceder um Monarca, como Vossa Majestade, por todos os atributos grande e tão digno de Império que, nos anos pela idade menos robustos, em tempo que vacilante o Orbe ia caindo, lhe puseram a natureza e a fortuna aos ombros, não só o peso de um Reino florente,  mas a máquina de um Mundo Arruinado. Foi Vossa Majestade o verdadeiro Atlante e a fortíssima coluna que, sustentando-o com as forças e com as disposições, lhe evitou os estragos, sendo a refulgene Coroa de Vossa Majestade Escudo de Palas para a defensa, e o seu venerado Cetro, raio de Júpiter para o respeito. A Real Pessoa de Vossa Majestade guarde Deus muitos anos.
História da América Portuguesa
História da América Portuguesa

Intertextualidade – Teoria

Intertextualidade: teoria

Ana Lúcia Tinoco Cabral

Nílvia Pantaleoni

         Os dicionários definem intertextualidade como sendo a superposição de um texto a outro; a influência de um texto sobre outro que o toma como modelo ou ponto de partida, e que gera a atualização do texto citado. Verificamos dessa forma que o conceito de intertextualidade, como o próprio nome indica, diz respeito à relação que se estabelece entre textos. Na verdade, todo texto é absorção e transformação de uma multiplicidade de outros textos, o que vale dizer que não existe um texto que seja totalmente original.

Um dos exemplos mais conhecidos de intertextualidade é a que se estabelece entre dois textos: o texto-matriz e o texto-derivado, que constitui uma paráfrase do primeiro. A paráfrase define-se como o desenvolvimento do texto de um livro ou de um documento, conservando-se as idéias originais, ou ainda, o modo diverso de expressar frase ou texto, sem que se altere o significado da primeira versão. Para Samir Meserani (O Intertexto Escolar, 1995), a paráfrase sempre remete a uma obra que lhe é anterior para reafirmá-la, esclarecê-la. A reafirmação parafrástica implica concordância que, muitas vezes, a aproxima da reprodução. A paráfrase aparece com freqüência em textos literários, científicos, religiosos, e da comunicação comum. É um recurso empregado pelos falantes  nas mais variadas situações de comunicação.

Meserani divide a paráfrase em dois tipos de discurso: a paráfrase reprodutiva e a criativa:

“A paráfrase reprodutiva é que a que traduz em outras palavras um outro texto, de modo quase literal.. Dentro de limites bastante estreitos, ela serve para reiterar, insistir, fixar, explicar, precisar, expandir ou sintetizar uma mensagem – no todo ou parcialmente.”

“A paráfrase criativa é a que ultrapassa os limites da simples reafirmação ou resumo do texto original, da simples tradução literal. Neste tipo de paráfrase, o texto se desdobra e se expande em novos significados. Ainda que não discorde do texto de origem, dele se distancia, usando-o como patamar ou pretexto.”

Exemplo de paráfrase criativa

Texto-matriz

Texto original: Gonçalves Dias

 

Minha Terra tem palmeiras

Onde canta o sabiá.

As aves que aqui gorjeiam

Não gorjeiam como lá.

Texto-derivado

Paráfrase: Carlos Drummond De Andrade

Meus olhos brasileiros se fecham saudosos

Minha boca procura a “Canção do Exílio”.

Como era mesmo a “Canção do Exílio”?

Eu tão esquecido de minha Terra…

Ai terra que tem palmeiras

onde canta o sabiá!

Dentre as formas de se elaborar uma paráfrase, destacamos uma técnica que é muito utilizada: a paráfrase estrutural, que consiste em criar um texto a partir da estrutura de outro. Observe alguns exemplos de paráfrase estrutural:

O sertanejo é, antes de tudo, um forte. (Euclides da Cunha)

O web designer é antes de tudo um criador.

A língua é um conjunto de sinais que exprimem idéias, sistema de ações e meio pelo qual uma sociedade concebe e expressa o mundo que a cerca. (Celso Cunha)

O hipertexto é um conjunto de textos que ……….

Outra forma de intertextualidade, ou seja, de retomada de textos já produzidos, é a paródia, definida pelo dicionário como sendo uma imitação cômica de uma composição literária. É uma característica que se faz cada vez mais presente nos textos atuais. O estilo de muitos jornalistas e publicitários, além de parafrástico, é também entremeado de paródias.

Para se entender uma paródia, é necessário o conhecimento do texto ou textos originais que tornaram possível a imitação. Nesse sentido, podemos afirmar que não pode existir uma paródia que não dialogue com o texto-matriz, ou seja, sempre existe entre este e a paródia o que os estudiosos da linguagem denominam intertextualidade.

Exemplo de paródia

 

Texto-matriz: O lobo e o cordeiro

Vendo um lobo que certo cordeirinho matava a sede num regato, imaginou um pretexto qualquer para devorá-lo. E embora se achasse mais acima, acusou-o de sujar a água que bebia. O cordeiro explicou-lhe que bebia apenas com a ponta dos beiços e, além disso, estando mais abaixo, nunca poderia turvar-lhe o líquido. O lobo, exposto ao ridículo, insistiu:

— No ano passado, ofendeste meu pai.

—   No ano passado, eu não tinha nascido, replicou o cordeiro.

O lobo então:

—   Defendeste-te muito bem, mas nem por isso deixarei de comer-te!

 De que vale a defesa perante quem quer fazer o mal?

Esopo, Enciclopédia Mundial de fabulas. Vol III.

Paródia

Texto derivado:  O lobo e o cordeiroEstava o cordeiro bebendo água, Quando viu refletida, no rio, a sombra do lobo. Estremeceu, ao mesmo tempo, que ouvia a voz cavernosa: “Vais pagar com a vida o teu miserável crime”. “Que crime?” — perguntou o cordeirinho tentando ganhar tempo, pois já sabia que com lobo não adianta argumentar. “O crime de sujar a água que eu bebo.” “Mas como posso sujara a água que bebes se sou lavado diariamente pelas máquinas automáticas da fazenda?” — Indagou o cordeirinho. “Por mais limpo que esteja um cordeiro é sempre sujo para um lobo.” “E vice-versa”. — pensou o cordeirinho, mas disse apenas: “Como posso sujar a sua água se estou abaixo da corrente?” “Pois se não foi você foi seu pai, foi sua mãe ou qualquer outro ancestral e eu vou comê-lo de qualquer maneira, pois como rezam os livros de lobologia, eu só me alimento de carne de cordeiro” — finalizou o lobo preparando-se para devorar o cordeirinho. “Ein moment! Ein moment” — gritou o cordeirinho traçando seu alemão kantiano. “Dou-lhe toda razão, mas faço-lhe uma proposta: se me deixar livre, atrairei para cá todo o rebanho”. Chega de conversa — disse o lobo — vou comê-lo logo, e está acabado”. “Espera aí” — falou o cordeiro — isso não é ético. Eu tenho, pelo menos, direito a três perguntas.” “Está bem” — cedeu o lobo irritado com a lembrança do código milenar da jungle. — Qual é o animal mais estúpido do mundo?” “O homem casado” — respondeu prontamente o cordeiro. “Muito bem, muito bem!” — disse o lobo, logo refreando, envergonhado, o súbito entusiasmo. “Outra: a zebra é um animal branco de listras pretas ou preto de listras brancas?” “Um animal sem cor pintado de preto e branco para não passar por burro” — respondeu o cordeirinho. “Perfeito!”— disse o lobo engolindo em seco. “Agora, por último, diga uma frase de Bernard Shaw”. “Vai haver eleições em 66” — respondeu logo o cordeirinho mal podendo conter o riso. “Muito bem, muito certo, você escapou!” — deu-se o lobo por vencido. E já ia se preparando para devorar o cordeirinho quando apareceu  o caçador e o esquartejou.

Moral: Quando o lobo tem fome não deve se meter em filosofias

Millôr Fernandes. Fábulas Fabulosas

 

A intertextualidade não é cópia nem plágio. Antigamente, antes do advento da imprensa, existia a profissão de copista. O que se passava em sua cabeça enquanto copiava os textos encomendados, não podemos imaginar, mas é provável que a sua cópia, depois alguns exemplares feitos, se tornasse automática. Podemos compará-lo à figura do projetista de filmes que, depois de passar a fita dez vezes não presta mais atenção a ela, ficando sua mente ocupada com outros pensamentos. Hoje, mesmo não sendo, copistas temos a sensação de estarmos fadados à cópia, pois parece que tudo já foi dito, já foi escrito e temos o temor de, ao escrever, não estarmos sendo autênticos, pela nítida sensação de que alguém já disse aquilo que pretendemos expressar.

Atualmente, um dos espaços mais ricos quando se pensa em intertextualidade é, sem dúvida, a Web. O hipertexto põe em jogo uma multiplicidade de textos que se intercomunicam. Quando ativamos um hipertexto, estabelecemos automaticamente uma relação entre um texto-matriz, aquele que contém o link que despertou em nós o interesse pela ampliação de informação e um texto-derivado, aquele a que o link conduz. Entretanto, não devemos confundir esse tipo de intertextualidade com a paráfrase acima mencionada. No hipertexto, os textos remetem-se uns aos outros, ou seja, intertextualizam-se pelo tema.

Quando se pensa em intertextualidade e internet, é preciso considerar também a questão do plágio: o plagiador é o indivíduo que assina como próprio o trabalho de outrem, o que naturalmente se constitui num crime. A Web, por fornecer uma infinidade de textos a todos os navegadores indiferentemente, tornou-se fonte de muitos plágios. O que ocorre, na verdade, é que não conseguimos ser sempre originais. É aqui que entra a questão da intertextualidade, quer dizer, o que existe, na realidade, é que não podemos fugir de todo conhecimento de textos que fomos acumulando durante a vida. Quando nos dispomos a escrever sobre determinado assunto, tudo o que já lemos sobre ele, automaticamente, é ativado por nossa memória, como se ela funcionasse como um grande hipertexto, ficando em sinal de alerta, e acabamos por dialogar com todos esses textos ao escrevermos o nosso.

 

Intertextualidade – Atividades

Intertextualidade: atividades

Ana Lúcia Tinoco Cabral

Nílvia Pantaleoni

O dicionário registra, para o verbete provérbio, o seguinte:

  1. Máxima breve e popular; adágio, anexim, ditado, refrão, sentença moral.
  2. Pequena comédia que tem por entrecho o desenvolvimento de um provérbio.

Provérbio é, portanto, um dito popular que contém uma mensagem que anuncia algo sobre a vida, geralmente de maneira metafórica e, algumas vezes, até irônica.

Os japoneses divulgam o seguinte provérbio: “Água à distância não apaga incêndio.” Sabendo-se que incêndio simboliza devastação, acidente muitas vezes fatal, e a água é o antídoto do fogo, uma forma de interpretar a metáfora japonesa é: enfrente seus problemas de perto.

Atividade 1: Traduza, por meio de paráfrases, o sentido contido em cada um dos seguintes provérbios:

  1. Cada macaco no seu galho.
  2. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.
  3. Nem tudo o que reluz é ouro.
  4. Em casa de ferreiro o espeto é de pau.
  5. Em terra de cego, quem tem um olho é rei.
  6. Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.

********

Atividade 2: Pelo fato de os provérbios serem máximas populares com as quais as pessoas muitas vezes, não concordam, alguns escritores gostam de ironizar, de brincar com este tema.

Observe o pequeno conto de Voltaire de Souza, em que o autor brinca com o conceito de provérbio, criando uma máxima pessoal. Em seguida, escolha um provérbio e crie, no mesmo estilo do conto, sua própria história.

VIDA BANDIDA

Licor

Voltaire de Souza

O dia dos namorados se aproxima. Mas a vida de uma jovem executiva é agitada. Corina trabalhava numa multinacional. “Não tenho tempo nem para o supermercado.” Namorava um rapaz chamado Júlio. “O que é que eu compro para ele? Ele tem tudo… não gosta de nada.” Corina passeava entre as gôndolas. Produtos finos sempre agradam ao paladar exigente. “Será que o Júlio vai gostar deste licor de anis?” A dúvida não durou muito. Entrou no supermercado o assaltante Canhoto. “Levo a garrafa. E a tua grana.” Corina deparou no porte atlético do delinqüente. Paixão imediata e correspondida. Corina não mais se preocupa em dar presentes. “Quando ele gosta, ele leva.”

O verdadeiro amor não tem data e dispensa lembrancinhas.

Folha de São Paulo. 06/06/2000.

Como escrever títulos on-line. Apontamentos das aulas de Comunicação Empresarial (2)

Como escrever títulos on-line

As exigências para títulos on-line[1] são diferentes dos títulos impressos, pois são usados de forma diferente.

 As duas principais diferenças no uso de títulos são:

Títulos descontextualizados: os títulos on-line exibidos fora de contexto. aparecem, por exemplo: como parte de uma lista de artigos; em uma lista de ocorrências de um mecanismo de busca; no menu de links favoritos de um browser ou outro recurso de navegação.  Algumas dessas situações são bastante fora do contexto, pois as ocorrências de um mecanismo de busca podem relacionar-se a qualquer tópico aleatório.

Títulos com conteúdos relacionados: mesmo quando o título é exibido com conteúdo relacionado, a dificuldade de ler on-line e a menor quantidade de informações que podem ser vistas num relance dificultam ainda mais para os usuários apreenderem o suficiente dos dados circundantes.

Na cópia impressa, o título é intimamente associado a fotos, subtítulos e ao corpo inteiro do artigo. Tudo isso pode ser interpretado num relance. On-line, uma quantidade muito menor de informações será visível na janela e mesmo essas informações são mais difíceis e desagradáveis de ler, de modo que as pessoas muitas vezes não o fazem. Enquanto passam os olhos pela lista de artigos em uma homepage, os usuários muitas vezes olham apenas os títulos destacados e pulam a maioria dos resumos.

Graças a essas diferenças, o texto do título tem de ser autônomo e fazer sentido quando o resto do conteúdo não se encontra disponível. É claro que os usuários podem clicar no título para obter o artigo completo, mas estão muito ocupados para fazê-lo para cada título que virem na internet.

Se você criar listas do conteúdo de outras pessoas, é quase sempre mais interessante reescrever seus títulos. Pouquíssimas pessoas entendem atualmente a arte de escrever micro conteúdo on-line que funcione quando colocado em outro lugar na internet. Portanto, para atender melhor aos seus usuários, você mesmo tem de fazer o trabalho.

As principais diretrizes para escrever títulos para a internet são:

  • Deixe claro do que trata o artigo em termos que se relacionem ao usuário. O micro conteúdo deve ser um resumo muito breve do macro conteúdo associado.
  • Escreva em linguagem simples: nada de trocadilhos e nada de títulos “engraçadinhos” ou “espertos”.
  • Evite gracejos que tentam levar as pessoas a clicarem para descobrir do que se trata o artigo. Os usuários não têm mais paciência para esperar,  principalmente se tiverem de fazer o download de uma página. A menos, é claro, que tenham expectativas claras do que obterão. Na cópia impressa, a curiosidade pode fazer com que as pessoas virem a página ou comecem a ler um artigo. On-line, é simplesmente muito custoso fazê-lo.
  • Pule os artigos definidos e indefinidos quando especificar o assunto em um e-mail ou títulos de página (mas inclua-os nos títulos embutidos na página). O micro conteúdo mais breve é mais fácil de ler e, já que as listas são muitas vezes em ordem alfabética, você não quer que o conteúdo seja listado, por exemplo, na letra “A” numa confusão com as várias outras páginas que começam com “A”.
  • Faça com que a primeira palavra seja importante e contenha informações, o que resultará em um melhor posicionamento nas listas em ordem alfabética e facilitará a leitura. Por exemplo, comece com o nome da empresa, pessoa ou conceito discutido no artigo.
  • Não faça com que todos as títulos de página comecem com a mesma palavra. Será difícil diferenciá-los quando se passa os olhos por uma lista.

[1] Fonte: traduzido e adaptado de Jakob Nielsen: www.useit.com

Para testar suas habilidades de leitor proficiente

Para testar suas habilidades de leitor proficiente, tente preencher as lacunas do Primeiro Capítulo da Obra de Antonil

Você confere as respostas logo abaixo, neste mesmo post. Boa sorte!

Se preferir, baixe o arquivo.

 

0 ser  01 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, é título, a que muitos aspiram, porque traz consigo, o ser servido, obedecido, e respeitado de muitos.  E se for, qual deve ser, 02  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx; bem se pôde estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quanto proporcionadamente se estimam os títulos entre os 03  xxxxxxxxxxxxxxxxx Reino. Porque engenhos há na  04  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que dão ao senhor quatro mil 05  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, e outros pouco menos, com cana obrigada à 06  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, de cujo rendimento logra o 07  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx ao menos a metade, como de qualquer outra, que nele livremente se mói: e em algumas partes ainda mais que a metade.

Dos senhores dependem os 08  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que tem 09  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx arrendados em terras do mesmo 10  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, como os cidadãos dos fidalgos: e quanto os senhores são mais possantes, e bem aparelhados de todo o necessário, afáveis, e verdadeiros; tanto mais são procurados, ainda dos que não tem a 11  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx cativa, ou por antiga obrigação, ou por preço que para isso receberão.

Servem ao senhor de engenho em vários 12  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, além dos 13  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que têm nas fazendas e na moenda, e fora os mulatos e mulatas, negros e negras de casa ou ocupados em outras partes; barqueiros, canoeiros, calafates, carapinas, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores e pescadores. Tem mais cada senhor destes, necessariamente, um mestre de açúcar, um banqueiro, e um contrabanqueiro, um purgador, um caixeiro no engenho, e outro na cidade, feitores nos partidos, e roças, um feitor-mor do engenho: e para o espiritual, um 14   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx; e cada qual destes oficiais tem 15   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Toda  a escravatura  (que nos maiores engenhos passa o número de cento e cinquenta, e duzentas peças, contando as dos partidos),  quer mantimentos  e  fardas,  medicamentos,  enfermaria   e enfermeiro;  e para  isso  são  necessárias  16   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx de muitas mil covas de 17  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx. Querem os 18   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, velames, cabos, cordas, e breu. Querem as 19   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que por sete, ou oito meses ardem de dia, e de noite, muita lenha; e para isso há mister dous barcos velejados, para se buscar nos portos, indo um atrás do outro sem parar, e muito dinheiro para a comprar; ou grandes matos, com muitos carros e muitas juntas de boi para se trazer. Querem os canaviais também suas barcas, e carros com dobradas esquipações de bois. Querem enxadas, e fouces. Querem as 20   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx machados e serras. Quer a moenda de toda a casta de paus de lei de sobressalente, e muitos quintais de aço e de ferro. Quer a 21   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx madeiras seletas e fortes para esteios, vigas, aspas e rodas; e pelo menos os instrumentos mais usuais, a saber; serras, trados, verrumas, compassos, réguas, escopros, enxós, goivas, machados, martelos, cantins, e junteiras, pregos e plainas. Quer a fábrica do 22   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx paróis e caldeiras, tachas e bacias, e outros muitos instrumentos menores, todos de cobre; cujo preço passa de oito mil cruzados, ainda quando se vende, não tão caro como nos anos presentes. São finalmente necessárias além das senzalas dos escravos, e além das moradas do capelão, feitores, mestre, purgador, banqueiro e caixeiro, uma 23   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx decente com seus ornamentos, todo o aparelho do altar e umas casas para o senhor do engenho com seu quarto separado para os 24   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que no Brasil, falto totalmente de estalagens, são contínuos; e o edifício do 25   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, forte e espaçoso, com as mais oficinas, e casa de purgar, caixaria, alambique, e outras cousas, que por miúdas aqui se escusa apontá-las, e delas se falará.

O que tudo bem considerado, assim como obriga a uns homens 26   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx a quererem antes ser 27   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx possantes de cana com um ou dous partidos de mil 28   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, com trinta ou quarenta 29 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx; do que ser  30 xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx por poucos anos com a lida, e atenção que pede o governo de toda essa fábrica; assim, é para pasmar, como hoje se atrevem tantos a levantar 31   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, tanto que chegarão a ter algum número de escravos, e acharão quem lhes emprestasse alguma quantidade de  32   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx para começar a tratar de uma obra, de que não são capazes por falta de 33   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx; e muito mais por ficarem logo na primeira 34   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx tão empenhados com  35   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que na segunda, ou terceira já se declaram perdidos: sendo juntamente causa, que os que fiaram deles, dando-lhes fazenda e dinheiro, também quebrem e que outros zombem da sua mal fundada  36   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que tão depressa converteu em palha seca aquela primeira verdura de uma aparente, mas enganosa esperança.

E ainda que nem todos os 37   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx sejam reais, nem todos puxem por tantos gastos, quantos até aqui temos apontado: contudo, entenda cada qual, que com as mortes, e com as secas que de improviso apertam e mirram a 38   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx e com os desastres, que a cada passo sucedem, crescem os gastos mais do que se cuidava. Entenda também, que os 39   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx e outros oficiais desejosos de ganhar a custa alheia lhe facilitarão tudo de tal sorte, que lhe parecerá o mesmo levantar um engenho, que uma 40   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx de negros; e quando começar a ajuntar os aviamentos, achará ter já despendido tudo quanto tinha antes de se pôr pedra sobre pedra, e não terá com que pagar as soldadas, crescendo de improviso os gastos, como se fossem por causa das enxurrada dos 41  xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx.

Também se não tiver capacidade, modo, e agência que se requer na boa disposição e governo de tudo, na eleição dos 42   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, na boa correspondência com os lavradores, no trato da gente sujeita na conservação e compra das 43   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que possui, e na verdade e pontualidade com os mercadores, e outros seus correspondentes na praça, achará confusão, e ignorância no título de 44   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, , donde esperava acrescentamento de estimação, e de crédito. Por isso, tendo já fatiado do que pertenceu ao 4   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, que há de ter, tratarei agora de como se há de haver no governo; e primeiramente da compra, e conservação das 46   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, e seus arrendamentos aos lavradores que tem; e logo da eleição dos oficiais que há de admitir ao seu serviço, apontando as obrigações, e as 47   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx de cada um deles, conforme o estilo dos engenhos reais da 48   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, e ultimamente do governo doméstico da sua 49   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, filhos, e escravos; recebimento dos hospedes, e pontualidade em dar satisfação a quem deve ; do que depende a conservação do seu crédito, que é o melhor 50   xxxxxxxxxxxxxxxxxxxx dos que se prezam de honrados.


 

açúcar

Bahia

Bahia

barcos

bastante cabedal e de bom juízo

cabedal

cabedal

cana

cana

capela

carpintaria

dinheiro

dívidas

engenho

engenho

engenho

engenhocas

engenhos

escravos de enxada e fouce

escravos de enxada e fouce

família

feitores e oficiais

fidalgos do Reino

fornalhas

governo e diligência

homem de cabedal e governo

hóspedes

lavradores

lavradores

mandioca

moenda

ofícios

pães de açúcar

pães de açúcar

partidos

pedreiros e carapinas

presunção

rios

roças

sacerdote seu capelão

safra

senhor de engenho

senhor de engenho

senhores de engenhos

senzala

serrarias

soldada

soldadas

terras

terras

 Atenção:

Cabedal: Conjunto de bens e riquezas materiais; capital

Soldada: Quantia que se paga a um trabalhador por um serviço; soldo

 

Respostas:

22

açúcar

04

Bahia

48

Bahia

18

barcos

26

bastante cabedal e de bom juízo

45

cabedal

50

cabedal

11

cana

38

cana

23

capela

21

carpintaria

32

dinheiro

35

dívidas

07

engenho

10

engenho

25

engenho

31

engenhocas

37

engenhos

13

escravos de enxada e fouce

29

escravos de enxada e fouce

49

família

42

feitores e oficiais

03

fidalgos do Reino

19

fornalhas

33

governo e diligência

02

homem de cabedal e governo

24

hóspedes

27

lavradores

01

lavradores

17

mandioca

06

moenda

12

ofícios

05

pães de açúcar

28

pães de açúcar

09

partidos

39

pedreiros e carapinas

36

presunção

41

rios

16

roças

14

sacerdote seu capelão

34

safra

01

senhor de engenho

44

senhor de engenho

30

senhores de engenhos

40

senzala

20

serrarias

15

soldada

47

soldadas

43

terras

46

terras

 

Primeiro Capítulo da obra de Antonil “Cultura e Opulência do Brasil”

 

Antonil

Texto completo no site Brasiliana USP

LIVRO PRIMEIRO

CAPÍTULO PRIMEIRO

Do cabedal que há de ter o senhor de um engenho real

0 ser senhor de engenho, é título, a que muitos aspiram, porque traz consigo, o ser servido, obedecido, e respeitado de muitos. E se for, qual deve ser, homem de cabedal, e governo ; bem se pôde estimar no Brasil o ser senhor de engenho, quanto proporcionadamente se estimam os títulos entre os fidalgos do Reino. Porque engenhos há na Bahia, que dão ao senhor quatro mil pães de açúcar, e outros pouco menos, com cana obrigada à moenda, de cujo rendimento logra o engenho ao menos a metade, como de qualquer outra, que nele livremente se mói: e em algumas partes ainda mais que a metade.


Dos senhores dependem os lavradores, que tem partidos arrendados em terras do mesmo engenho, como os cidadãos dos fidalgos: e quanto os senhores são mais possantes, e bem aparelhados de todo o necessário, afáveis, e verdadeiros; tanto mais são procurados, ainda dos que não tem a cana cativa, ou por antiga obrigação, ou por preço que para isso receberão.

Servem ao senhor de engenho em vários ofícios, além dos escravos de enxada e fouce, que têm nas fazendas e na moenda, e fora os mulatos e mulatas, negros e negras de casa ou ocupados em outras partes; barqueiros, canoeiros, calafates, carapinas, carreiros, oleiros, vaqueiros, pastores e pescadores. Tem mais cada senhor destes, necessariamente, um mestre de açúcar, um banqueiro, e um contrabanqueiro, um purgador, um caixeiro no engenho, e outro na cidade, feitores nos partidos, e roças, um feitor-mor do engenho: e para o espiritual, um sacerdote seu capelão; e cada qual destes oficiais tem soldada.

Toda a escravatura (que nos maiores engenhos passa o número de cento e cinquenta, e duzentas peças, contando as dos partidos), quer mantimentos e fardas, medicamentos, enfermaria, e enfermeiro; e para isso são necessárias roças de muitas mil covas de mandioca. Querem os barcos, velames, cabos, cordas, e breu. Querem as fornalhas, que por sete, ou oito meses ardem de dia, e de noite, muita lenha; e para isso há mister dous barcos velejados, para se buscar nos portos, indo um atrás do outro sem parar, e muito dinheiro para a comprar; ou grandes matos, com muitos carros e muitas juntas de boi para se trazer. Querem os canaviais também suas barcas, e carros com dobradas esquipações de bois. Querem enxadas, e fouces. Querem as serrarias machados e serras. Quer a moenda de toda a casta de paus de lei de sobressalente, e muitos quintais de aço e de ferro. Quer a carpintaria madeiras seletas e fortes para esteios, vigas, aspas e rodas; e pelo menos os instrumentos mais usuais, a saber; serras, trados, verrumas, compassos, réguas, escopros, enxós, goivas, machados, martelos, cantins, e junteiras, pregos e plainas. Quer a fábrica do açúcar paróis e caldeiras, tachas e bacias, e outros muitos instrumentos menores, todos de cobre; cujo preço passa de oito mil cruzados, ainda quando se vende, não tão caro como nos anos presentes. São finalmente necessárias além das senzalas dos escravos, e além das moradas do capelão, feitores, mestre, purgador, banqueiro e caixeiro, uma capela decente com seus ornamentos, todo o aparelho do altar e umas casas para o senhor do engenho com seu quarto separado para os hóspedes, que no Brasil, falto totalmente de estalagens, são contínuos; e o edifício do engenho, forte e espaçoso, com as mais oficinas, e casa de purgar, caixaria, alambique, e outras cousas, que por miúdas aqui se escusa apontá-las, e delas se falará.

O que tudo bem considerado, assim como obriga a uns homens de bastante cabedal e de bom juízo a quererem antes ser lavradores possantes de cana com um ou dous partidos de mil pães de açúcar, com trinta ou quarenta escravos de enxada e fouce; do que ser  senhores de engenhos por poucos anos com a lida, e atenção que pede o governo de toda essa fábrica; assim, é para pasmar, como hoje se atrevem tantos a levantar engenhocas, tanto que chegarão a ter algum número de escravos, e acharão quem lhes emprestasse alguma quantidade de dinheiro para começar a tratar de uma obra, de que não são capazes por falta de governo e diligência; e muito mais por ficarem logo na primeira safra tão empenhados com dívidas, que na segunda, ou terceira já se declaram perdidos: sendo juntamente cansa, que os que fiaram deles, dando-lhes fazenda e dinheiro, também quebrem e que outros zombem da sua mal fundada presunção, que tão depressa converteu em palha seca aquela primeira verdura de uma aparente, mas enganosa esperança.

E ainda que nem todos os engenhos sejam reais, nem todos puxem por tantos gastos, quantos até aqui temos apontado: contudo, entenda cada qual, que com as mortes, e com as secas que de improviso apertam e mirram a cana e com os desastres, que a cada passo sucedem, crescem os gastos mais do que se cuidava. Entenda também, que os pedreiros, e carapinas, e outros oficiais desejosos de ganhar a custa alheia lhe facilitarão tudo de tal sorte, que lhe parecerá o mesmo levantar um engenho, que uma senzala de negros; e quando começar a ajuntar os aviamentos, achará ter já despendido tudo quanto tinha antes de se pôr pedra sobre pedra, e não terá com que pagar as soldadas, crescendo de improviso os gastos, como se fossem por causa das enxurrada dos rios.

Também se não tiver capacidade, modo, e agência que se requer na boa disposição e governo de tudo, na eleição dos feitores e oficiais, na boa correspondência com os lavradores, no trato da gente sujeita na conservação, e lavoura das terras, que possui, e na verdade e pontualidade com os mercadores, e outros seus correspondentes na praça, achará confusão, e ignorância no título de senhor de engenho, donde esperava acrescentamento de estimação, e de crédito. Por isso, tendo já fatiado do que pertenceu ao cabedal, que há de ter, tratarei agora de como se há de haver no governo; e primeiramente da compra, e conservação das terras, e seus arrendamentos aos lavradores que tem; e logo da eleição dos oficiais que há de admitir ao seu serviço, apontando as obrigações, e as soldadas do cada um deles, conforme o estilo dos engenhos reais da Bahia, e ultimamente do governo doméstico da sua família, filhos, e escravos; recebimento dos hospedes, e pontualidade em dar satisfação a quem deve ; do que depende a conservação do seu credito, que é o melhor cabedal dos que se prezam de honrados.